Financiadores e cientistas criam coalizão para não deixar o sul global desamparado
Foto: Marco Longari / AFP / ONU

Está criada a Coalizão de Pesquisa Clínica da Covid-19! Ela se originou graças a iniciativas de 70 signatários de todo o mundo para não deixar países do eixo sul do planeta desamparados no combate à pandemia do novo coronavírus. A iniciativa tem como objetivo acelerar a pesquisa também nos países em desenvolvimento, justamente onde o vírus tende a ser mais mortal. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o professor Munir Salomão Skaf, da Unicamp, representam o Brasil na coalizão.

Em carta publicada recentemente na revista científica The Lancet, a coalizão divulgou um pouco sobre a área dos profissionais envolvidos no grupo.

"Somos cientistas, médicos, financiadores e legisladores que se uniram em uma coalizão internacional para apoiar os esforços da OMS (Organização Mundial da Saúde) para combater a pandemia da Covid-19. Comprometemos nossa experiência e capacidade de acelerar a pesquisa em ambientes com recursos limitados. Damos boas vindas à colaboração com organizações prontas para se juntar a nós."

Cientistas, políticos, financiadores e instituições que apoiam a coalizão alertam que dos 332 projetos já existentes para testar tratamentos e vacinas contra a Covid-19, 'muito poucos ocorrerão na África, no Sudeste Asiático e na América Latina'. Logo, é justamente nessas regiões que os sistemas de saúde têm grandes chances de entrar em colapso precocemente e também onde é mais difícil chegar equipamentos de proteção para os profissionais envolvidos na crise. A aliança visa garantir que qualquer solução alcançada pelo projeto seja acessível para os países pobres e menos favorecidos.

Nos últimos dias, diversos órgãos, como a OMS, alertou que todas as regiões precisam sair dessa pandemia, caso contrário o mundo continuará em risco do retorno da Covid-19. Porém, esse apelo à unidade se contrapõe à ideia apresentada por dois especialistas franceses para testar uma vacina apenas na África. Essa ideia foi rejeitada pela OMS, que qualificou a tese como uma solução 'racista e colonial', pelo fato de haver grandes riscos, colocando os africanos quase como cobaias.

"Este não é um chamado para que o mundo científico não se esqueça dos países mais pobres, é mais um: 'Aqui estamos, e também podemos fornecer soluções e contribuir com nossas capacidades para essa solução global'", afirmou Sergio Sosa Estani, cientista da Iniciativa sobre Drogas para Doenças Negligenciadas, uma das entidades da nova coalizão.

Situação da África e da América do Sul

A África superou a marca de 11.500 infectados na manhã desta sexta-feira (9). 53 dos 55 países do continente têm casos confirmados de coronavírus, incluindo a região do Saara Ocidental. A África do Sul continua sendo a nação com mais casos: 1.845 casos, seguida pela Argélia (1.572), Egito (1.560), Marrocos (1.346) e Camarões (730). O número de mortes em todo o continente africano é de 576.

Na América do Sul, o número cresce diariamente. Foram registrados mais 220 óbitos por Covid-19 nas últimas 24 horas — no dia anterior, foram 189. Agora, o total de mortes até a manhã de sexta (9) é de 1.620. O número de 39.657 infectados pode ser bem maior, pois os testes são dispostos só para casos graves na maior parte do continente justamente pela falta de acesso a novos testes. Guiana Francesa continua sendo o único país sul-americano que ainda não tem vítima fatal de novo coronavírus.

Dados da tabela: Johns Hopkins University

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