Marshall Burke, professor de Stanford, aponta que quarentena salvou 77 mil chineses
Foto: Reprodução / OMS

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, anualmente, sete milhões de pessoas morrem em todo o planeta por conta de alguma complicação causada pela poluição da atmosfera. Grande fatia desse número está presente em países pobres da Ásia por ser o continente com países populosos e com muitas indústrias. Três milhões de pessoas ficam expostas diretamente a fumaças tóxicas da queima de plástico, por exemplo. Mumbai e Delhi, na Índia, são as cidades mais preocupantes neste assunto quando se trata do continente asiático. Já a capital Pequim é a mais poluída da China. Logo, a pandemia do novo coronavírus contribuiu para salvar parcialmente a vida de milhares de pessoas quando a pauta é poluição do ar.

A disseminação da Covid-19 pelo mundo obrigou os governos a decretarem quarentena em quase todo o mundo. Em estudo de Marshall Burke, professor da Universidade de Stanford (Estados Unidos), publicado pela Revista Forbes, aponta que 77 mil mortes foram evitadas na China, país que registrou o primeiro surto do novo coronavírus, mais precisamente na cidade de Wuhan.

Essa "salvação" acontece porque as atividades industriais na China foram paralisadas, além da enorme diminuição do tráfego de pessoas, carros e transportes públicos. Dessa forma, sem tanta emissão de CO², gás prejudicial à atmosfera e ao corpo humano, as pessoas que sofrem com algum problema respiratório tiveram um alívio momentâneo. Burke crê que 4 mil crianças com menos de 5 anos e 73 mil adultos com mais de 70 foram salvos por esse reflexo da pandemia. Confira o vídeo da Agência Espacial Europeia (ESA) que mostra a intensidade da poluição na China de dezembro/2019 a março/2020.



Para o estudo, foram analisadas quatro cidades. Nelas, o professor recolheu PM2.5 (partículas responsáveis pela maior quantidade de mortes por poluição atmosférica) como material pesquisa.

Burke adverte que seu cálculo é uma projeção de impactos na mortalidade, não uma medida concreta. E seus números não incluem outras consequências negativas do bloqueio, como a perca econômica de exportações e importações.

"Mas o cálculo talvez seja um lembrete útil das conseqüências muitas vezes escondidas do status quo para a saúde", escreve ele, ou seja, "os custos substanciais que nossa maneira atual de fazer as coisas implica em nossa saúde e meios de subsistência. De maneira mais geral, o fato de que uma interrupção dessa magnitude possa realmente levar a alguns grandes benefícios (parciais) sugere que nossa maneira normal de fazer as coisas pode precisar ser interrompida", relatou Burke na pesquisa.

Não é categoricamente afirmativo usar esses dados do professor Marshall Burke para amenizar os reflexos da pandemia do novo coronavírus, que já fez mais de 1 milhão de vítimas fatais em todo o mundo. Mas também vale ressaltar que os hábitos da atual civilização são bastante prejudiciais às próprias pessoas que os produtos dessas indústrias de plástico, por exemplo, servem.

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