Nos últimos dias, o mundo tem passado por algo que jamais imaginaríamos vivenciar. Moro em uma cidade próxima a San Francisco, Walnut Creek. De muitas maneiras, a Califórnia está na vanguarda da crise de coronavírus nos Estados Unidos. No último sábado, o número de casos confirmados de COVID-19 era de 1.410 e 25 mortes relacionadas à doença. Na região em que moro há um total de 108 casos e o óbito de uma idosa de 70 anos. No estado, são 2.500 casos e 53 mortes. Nos Estados Unidos, são 86.012 ocorrências confirmadas (maior quantidade no mundo), com 1.301 mortes.
Desde a sexta-feira (13) em que o governo anunciou lockdown onde, escolas e comércios permanecem fechados e os cidadãos devem ficar em casa com data prevista até o próximo dia 7 de abril, a rotina de muitas pessoas foi alterada. Fui ao supermercado no dia seguinte e já encontrei prateleiras vazias e um anúncio que poderíamos levar apenas duas unidades de cada produto, ou seja, estocar alimentos não é opção por aqui. Muitos também optam por comprar alimentos online, a entrega é feita por motoristas de aplicativo.
Nos supermercados grandes, a falta de papel toalha, papel higiênico e álcool em gel já vem há mais de quatro semanas, as farmácias dos Estados Unidos tem uma semelhança com mercados menores do Brasil, e a procura por esses itens aumentou nesses estabelecimentos, e há mais de duas semanas a única opção de compra é a internet, com o preço bem mais alto que o normal.
Os restaurantes que ainda permanecem abertos, a opção é somente a entrega e aos poucos estão fechando as portas pela falta de funcionários, já que algumas pessoas optam pelo isolamento. Os cafés, lugares que pessoas vão frequentemente para estudar e trabalhar, estão vazios. Foi no momento que passei por três cafés, os mesmos café que passo todos os dias, que pude perceber realmente o que estava acontecendo.
Nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia onde a maioria da população é imigrante os trabalhos são pagos por hora, sendo assim, muitos trabalhadores estão sem renda fixa, já que pela ordem do governo os cidadãos devem permanecer em casa. Sem trabalho e sem salário, inúmeras famílias estão preocupadas com os próximos vezes.
Até o dia 7 de abril, muitas notícias (boas e ruins) podem aparecer em relação ao futuro da doença, enquanto isso as pessoas estão tentando viver um dia de cada vez, se cuidando e evitando o contato com terceiros. Durante uma volta de bicicleta no maior parque do centro da cidade, pude contar quantas pessoas estavam ali. Em qualquer outro dia há duas semanas, o parque estaria lotado de famílias, crianças e cachorros.
O que já era esperado..
Na rotina da cidade, eventos grandes no teatro foram todos cancelados e todas as pessoas tiveram os valores reembolsados, os eventos esportivos que acontecem nos finais de semana foram adiados mas sem datas definidas.
O que é novidade?
Em algumas vizinhanças, pude ver desenhos que crianças fizeram na rua, mandando mensagens para idosos que permanecem dentro de casa. Em algumas casas, moradores colaram corações nas árvores e janelas em forma de carinho ao próximo. Jovens oferecendo ajuda para irem às compras para vizinhos idosos. E aplicativos de entrega de comidas com a taxa zeradas para que as pessoas pudessem pedir mais comidas gerando lucro para os restaurantes e comércio local.