Dia Internacional da Mulher: carta às amantes do esporte
Imagem: Editoria de Arte/VAVEL Brasil

8 de março. Dia da Mulher Dia de reforçar a resistência feminina no esporte e fora dele. Dia de mostrarmos ao mundo a alegria - mesmo que em tempos sombrios - de ser mulher. De reafirmar que somos mais que curvas sinuosas, um belo sorriso... Dia de comemorar, sim, nossas conquistas, mas também de gritarmos ao mundo que nosso lugar é onde quisermos! Hoje, falo com você, cara leitora. 

Frequento estádios com assiduidade há mais de 10 anos. Desde pequena, brincava com bola e passava a tarde de domingo assistindo futebol. "Meu Deus, essa menina é um moleque", ouvia. Não, eu era uma menina, com sentimentos e sensibilidade, mas, que gostava do espetacular mundo da bola. Ora, qual o problema? 

Ia aos estádios com meus primos e meu padrasto. Todos homens. Mas, isso não me incomodava. Na verdade, queria voltar àquela época. Cresci e comecei a frequentar jogos sozinha. Aí, então, a realidade apareceu. Percebi que ser chamada de "moleque" pela minha própria família não era nada perto do que enfrentara. Os olhares e a desconfiança - muitas vezes de apreensão - de quem me via, ali, num antro machista, sozinha eram angustiantes. 

Me juntei com outras mulheres. Assim, unidas, poderíamos enfrentar o machismo no esporte. Ou não. Talvez. Me desapontei. Escutei, agora de mais mulheres, cada vez uma quantidade maior de assédios moral e verbal dentro do estádio. Ora, não podemos ocupar a arquibancada? Podemos. Devemos. Não pra "embelezar", como muitos dizem de maneira equivocada. Mas porque queremos. Lembram? Nosso lugar é onde QUISERMOS. 

Bom, assim como muitas, eu vivo futebol. Isso não se limita ao estádio. E, então, recordo de um fato recente: domingo, dia de futebol na TV. Clássico nacional no Campeonato Brasileiro. Flamengo e Corinthians disputando a liderança do torneio. Festa de família. Gente que não me conhecia. Pronto, era o âmbito ideal para estresse devido machismo. Sentei, junto a um grupo de cerca de dez homens. Os olhares eram notórios. "Ora, o que ela tá fazendo aqui?", certeza que era o que pensavam. 

O jogo passava... Eu, crítica, questionava o posicionamento das equipes, alertava para erros e acertos. Ao gritar "tá impedido, ô, juiz" automaticamente, antes da bandeira subiralgo aconteceu: "Você gosta mesmo de futebol, né? Entende tudo". Respondi com um sorriso de canto de boca. É, nos limitam ao "saber o que é impedimento". A partir de então, os olhares, automaticamente, mudaram. Aquilo, confesso, me corroeu. Decidi não desistir das mulheres no futebol. Na arquibancada, no sofá ou até mesmo no Jornalismo Esportivo. Pois é, cada vez mais mulheres discutem futebol na TV. Ufa! 

Por isso, escrevo aqui, para você, mulher amante do esporte: resistiremos, juntas!

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