Governador de Goiás e médico por formação, Ronaldo Caiado (DEM) foi um dos principais aliados do Governo Jair Bolsonaro na região Centro-Oeste. No entanto, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (25), Caiado rompeu seu vínculo com o atual governo e discordou do presidente sobre o pronunciamento na noite de terça (24), citando o ex-presidente estadunidense Barack Obama com a frase: "Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude".
"Com autoridade de governador e juramento de médico, as decisões do Presidente da República não alcançam Goiás. Isso posto, as regras que prevalecerão serão as regras do meu decreto, seguindo critérios regulados pela Organização Mundial da Saúde e pelo corpo técnico do Ministério da Saúde", continuou Caiado
"Não posso admitir e concordar com um presidente que vem a público sem ter consideração com seus aliados, sem ter respeito"
A autoridade goiana também disse que vai seguir as medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do do Ministério da Saúde, cujo qual é liderado por Luiz Henrique Mandetta, indicação do próprio Caiado. "As decisões do presidente da República na área de saúde em relação ao coronavírus não alcançarão o Estado de Goiás". Logo, a recomendação de Bolsonaro para que escolas reabram e pessoas abaixo de 60 anos voltam à normalidade não será acatada em solo goiano.
Ronaldo Caiado também citou frases fortes em seu discurso para se distanciar de Jair Bolsonaro, por quem foi aliado durante a campanha eleitoral e início do governo. E quando perguntado se estava alinhado com outros governadores sobre sua posição de seguir no isolamento social, o político do DEM respondeu: "Conversei longamente com a minha consciência, com minha responsabilidade como médico e governante, com mais ninguém dividi esta decisão minha".
"Fui aliado de primeira hora, durante todo tempo. Não posso admitir que o presidente venha agora e lave suas mãos, responsabilizando outras pessoas por um eventual colapso. Não é isso que esperamos de um governante, de um Estadista, em um momento como este, mas sim humildade e serenidade. Numa guerra, não se aceita transferir responsabilidade a outros", lembrou o governador goiano.
Outro ponto que Caiado criticou foi o fato de Bolsonaro expor planos federais com cloroquina mesmo sem ter embasamento e comprovação que o medicamento seja eficaz contra o novo coronavírus: "Será que toda a comunidade científica do mundo está errada?"
Isenção de responsabilidade
Caiado disse ainda que não admitia que um presidente da República 'lave as mãos, e responsabilize outras pessoas pela falência econômica' que pode acontecer após a pandemia. Foi assim em todos os lugares onde a Covid-19 rodou, complementou Caiado.
"Não faz parte da postura de um governante. Um estadista tem de assumir as dificuldades do momento. Colocar antes a vida ou a sobrevivência da economia? Podemos fazer as duas coisas. Cabe aos líder ter condições de poder liderar seu corpo e criar condições de minorar dificuldades", finalizou o Governador de Goiás.
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