A série começa em 2003, quando o delegado federal Marco Ruffo (Selton Mello) pega o doleiro Roberto Ibrahim (Enrique Diaz) com suas armações, mas é obrigado a deixá-lo livre. Ruffo é o único personagem central inventado especificamente para fins dramatúrgicos. Para quem mal entende sobre o caso da Lava Jato, não será difícil de sacar aos trocadilhos e referências como o Ibrahim, ou o juiz Rigo, o diretor da “Petrobrasil” João Pedro Rangel, a presidente Janete, a refinaria de Antonio & Lima, a empreiteira Miller & Bretch e vários outros. Adorei o uso da música “Bichos Escrotos”, dos Titãs, na trilha, combinando com o enredo, tornando a trilha sonora, original de Antonio Pinto, mais envolvente, mas não há como negar que casa bem com o enredo. PF quer dizer “Polícia Federativa”, e não “Polícia Federal”. Todos os nomes e siglas foram trocados. Mas todos são igualmente conhecidos do espectador, desde que o escândalo do Mensalão estourou, em 2005, e acabou dando origem na Operação Lava Jato.
Sem dúvidas as produções brasileiras transmitida pela streaming Netflix não decepcionam. Vemos a narração entrelaçada entre os pensamentos de Ruffo e sua discípula Verena. Tornando a série com seu ritmo próprio; não podemos esquecer de citar a fotografia muito bem trabalhada. Esses dois tópicos entrelaçados, dão um bom percurso para série.
A série não foge de alguns clichês, diálogos como “ se você não pegar o mecanismo, o mecanismo vai te pegar”, romances e traições. Mas que acabam fazendo parte da trama. Mas existem as falas marcantes e que resume a série,como a do personagem de Selton Mello: “Mas no Brasil, a definição de justiça no dicionário, não inclui as palavras equilibro e imparcialidade. Muito menos, ordem e progresso. ”
(Divulgação/Netflix)
O “mecanismo” na qual a série tanto retrata está em tudo. "No flanelinha que recicla talão, na carteira falsificada pra pegar meia-entrada, no suborno pro guadar pra alivar da multa. Tudo é o mecanismo”
A série é escrita por Elena Soarez com a colaboração de Sofia Maldonado e é baseada no livro Lava Jato: O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil, do jornalista Vladimir Netto. José Padilha também atua no projeto como produtor executivo, ao lado de Marcos Prado.
Em uma entrevista ao site Omelete, Selton Mello acredita que a função do seriado é fazer o público refletir sobre o momento atual e sentir-se provocado pelos fatos apresentados na obra. “A democracia deve ser tagarela e a função da arte é fazer pensar. E é importante ter todo tipo de manifestação artística. Vão lançar documentário [sobre a Lava-Jato], filmes e tem que ter muita coisa sobre isso. Falar sobre o que acontece é importante e faz as pessoas pensar sobre”.
O Mecanismo estreou no dia 23 de março, com 8 episódios e cenas filmadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília .Apresenta no elenco Carol Abras (Avenida Brasil) vivendo uma agente federal ambiciosa que é discípula do personagem de Selton Mello. Completam a equipe Enrique Diaz (Justiça), Lee Taylor (Salve Geral), Antonio Saboia (O Lobo Atrás da Porta), Jonathan Haagensen (Cidade de Deus), Alessandra Colasanti (A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho), Leonardo Medeiros (Budapeste), Otto Jr. (O Abismo Prateado) e Susana Ribeiro (Liberdade, Liberdade).
Confira o trailer:
Nota da série de 0 a 5: 4