CRÍTICA | Alfa
Foto: Divulgação/ Columbia Pictures

Alfa é um filme objetivo, simples e rápido a partir do momento em que o laço entre lobo e homem é instituído. Um filme de esmero gráfico e roteiro rudimentar, o que não faz do filme ruim. O longa trás a história de uma tribo de caçadores há 20 mil anos a.C., em que todo ano viajam com os mais aptos junto dos mais jovens, aprendizes de caçadores, para abater a "grande fera" - bisontes - e batizar os jovens. Dentre eles está o filho do chefe e seu exitar  em ferir a presa, mesmo que a tribo dependa disso.

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No local do abate o pior acontece e o futuro e jovem líder é dado como morto. Mas ele acorda, ferido, sozinho e caçado. Até que um acontecimento o liga a um lobo, também ferido.

O filme tem falas e diálogos diretos, sem perder tempo nisso. Mesmo assim, para nós brasileiros, esse aspecto foi a maior perda do filme. Originalmente, os personagens humanos se comunicavam em uma língua pré-histórica, aqui tudo foi traduzido e simplificado para o português claro. Uma perda e tanto de imersão e falta de consideração com o trabalho e caracterização.

A produção dá "tiros no pé" quando deixa os homens primitivos muito limpinhos, com dentes cuidados e barbas em certo ponto com estéticas contemporâneas. Outro ponto negativo é o ritmo até o encontro de Alfa, o lobo, com Keda (Smit-McPhee), filho do Chefe, Chefe esse que por sinal faz o melhor personagem humano do longa. Até esse ponto o filme ocupa um considerável tempo de premissa, que quem sabe, poderia ter sido mais bem utilizado para o núcleo principal: garoto e lobo. 

Locações, fotografia e planos belíssimos, de tirar o fôlego. Algumas vezes traz  planos, filtros e câmeras lentas que lembram Snyder, de 300 (aí vai do que lhe agrada). Animais pré-históricos tratados como animais, e não monstros. Mas tudo bem delongado, tempo que poderia ser empregado, novamente, á quem interessava. Se isso não lhe incomodar (como à mim pouco incomodou), pouca coisa irá, ao longo do filme onde o lobo é mais expressivo que o protagonista humano. 

O diretor Albert Hughes (O Livro de Eli, 2010) optou por algo narrativamente simples, como já dito, e repetindo, não é necessariamente ruim. Tem sua queda para ritmo e tomadas de documentário, mas sustenta a trama mesmo sem um aparente vilão e com bons períodos de silêncio. Caçador e fera lutam contra as forças da natureza, tentando voltar para a tribo em meio a estação das nevascas.

Essa disputa ingrata contra os elementos naturais ao lado do lobo é muito válida. Emocionante, mas apenas com picos de ação, não de forma contínua. Tanto que, o fim de toda a jornada é trazido de forma bem abrupta. Parecendo que um corte foi feito com ar de "Ah! Vamos acabar logo com isso. Ele já aprendeu a ser caçador e será um bom líder". Em suma, podia ter sido melhor trabalhado o tempo de cada coisa no filme.

Se você for um amante dos animais, ainda mais se for com ênfase em cães e afins, vai gostar do filme,  provavelmente de tudo nele. Devo admitir que o último take me arrepiou, me levando a refletir sobre o misterioso e primeiro elo entre nós e os caninos.  

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