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A terceira temporada de Shadowhunters estreou nessa terça-feira (20) nos Estados Unidos, mas só chegou ao Brasil na quarta-feira (21), através da Netflix. Depois de mais de sete meses de hiato e de uma segunda temporada que não agradou muito a alguns fãs (não que a primeira tenha sido unanimidade, mas enfim...), a série retorna para o seu terceiro ano com um episódio que entrega bem menos do que os vídeos promocionais prometiam (assista ao trailer da temporada ao final da crítica). Mas, antes de falar mais detalhadamente, confira a sinopse do primeiro episódio:
“Segredos tomam conta enquanto Shadowhunters e Membros do Submundo tentam voltar à vida normal depois da morte de Valentim (Alan Van Sprang). Clary (Katherine McNamara) luta para manter seu segredo sobre o desejo para Raziel, enquanto Alec (Matthew Daddario) pressiona Jace (Dominic Sherwood) para vir a limpo sobre o que ele e Clary estão escondendo. Luke (Isaiah Mustafa) tem que ser amoroso e duro para manter seu segredo escondido de Ollie, que está numa busca por respostas. E Magnus (Harry Shum Jr.) esconde seus verdadeiros sentimentos sobre a sua nova posição na comunidade de Feiticeiros de Alec. Enquanto isso, Lilith começa seu plano em New York, enquanto Simon (Alberto Rosende) passa um tempo na Corte Seelie”.
Começo misterioso e semelhança com os livros
O episódio inicia mostrando Jonathan Morgenstern (no corpo de Sebastian Verlac) morto sendo rodeado por uma mulher misteriosa toda coberta de preto (que sabemos que é sua mãe). Com a morte de Valentine no final da segunda temporada, ficou claro que ela seria a próxima vilã da série, junto ao seu filho; porém, em nenhum momento durante o episódio temos a confirmação da sua real identidade. Mas, quem também acompanha os livros (e/ou leu a sinopse) pode confirmar que se trata de Lilith, a mãe de todos os demônios (não apenas nesta mitologia, mas em muitas outras).
A partir desse fato, um questionamento pode ser feito: até que ponto vale a série se manter fiel aos livros que lhe deram origem? Os momentos de semelhança com a obra literária são, por vezes, o ponto forte da produção, mas, em outros momentos, eles também são os responsáveis por deixá-la um tanto quanto previsível e chata para quem já conhece a trama, pois o roteiro está indo por um caminho que não traz muitas alterações da história original. Na verdade, as mudanças são de fatos que não agradam tanto (pelo menos na minha visão), a exemplo da morte de Jocelyn (mãe de Clary), que acontece na série e não nos livros, e está nos privando de ver mais cenas do seu romance com Luke.
Entendo a estratégia de Shadowhunters em querer ser parecida com os livros, já que os fãs do universo ansiavam bastante por isso (principalmente depois da tentativa frustrada do filme em 2013), mas acaba que por vezes os episódios estão seguindo bem mais uma linha fan service, ao invés de trazer uma história realmente instigante. Só que esse fan service pode não agradar aos próprios fãs (o que vejo acontecendo com frequência, pelos comentários que ouço/leio) e a série está se mantendo em uma linha tênue de semelhança, na qual nem traz arcos interessantes para a história (para atrair novos públicos) nem satisfaz completamente os fãs do universo que viam nela uma esperança. Então volto a me questionar, até que ponto vale ser fiel aos livros?
Personagens apagados durante o episódio
Outra questão presente nesse início de temporada é o fato de que boa parte das tramas é desanimadora. É lamentável observar como personagens interessantíssimos estão completamente insossos no episódio, e é mais lamentável ainda notar que esses personagens somam mais da metade do elenco da série.
O primeiro arco que é praticamente irrelevante é o de Simon com a Rainha Seelie. Apesar de ser um desenvolvimento de eventos ocorridos na temporada anterior, são apenas cenas soltas que não dizem muito a que vieram. O ponto alto é quando ele é libertado e encontra com Maya (que também está mais apagada do que deveria).
Isabelle (Emeraude Toubia) é mais uma personagem que merecia um destaque maior durante o capítulo e tem a sua participação restrita a alguns poucos momentos (levando Clary para escolher uma arma, por exemplo). Mesmo sendo participações relevantes, não chega nem aos pés do que era a sua presença nas outras duas temporadas. Resta então, apenas esperar uma melhor e maior participação deles daqui por diante.
Evolução de Clary como personagem (e de Katherine McNamara como atriz)
Falando em personagens que não se destacam, devemos trazer também a exceção: Clary Fairchild, interpretada por Katherine McNamara, não só se destacou durante o episódio como também foi uma das responsáveis por deixa-lo mais interessante. Quem assiste ao que Katherine faz atualmente mal se recorda do trabalho dela no início de Shadowhunters, que, verdade seja dita, era péssimo.
Assim, da mesma forma que a personagem tem se destacado e evoluído cada vez mais, é notório também como a atriz também demonstra muita evolução e transmite bem mais emoção e empatia para com o público. Temos que admitir que essa é, sem dúvidas, uma das melhores surpresas da série com o passar do tempo.
Malec, Malec e mais Malec
E mais uma vez, salvando o dia, temos Malec. As cenas entre Magnus e Alec estão se tornando cada vez mais clichês, mas é impossível não gostar de ver os dois juntos. Apesar de serem bem reduzidos durante o episódio, os momentos que eles estão juntos ainda é um dos pontos altos de Shadowhunters e ainda faz a gente ter vontade de ficar vibrando e torcendo pelo casal.
Então, o que dizer de Malec? Apenas que espero que daqui pra frente eles apareçam mais juntos.
Apesar de a estreia da temporada ter sido fraca, de uma forma geral, ainda há muito o que ser explorado nos próximos episódios, principalmente com essa mudança de antagonista. Falta a Shadowhunters apenas um pouco mais de ousadia para trazer tramas que cativem mais o público, o que não é difícil, pois, apesar de tudo, ela é uma série com muito potencial.