Crítica: 'Pantera Negra' é o filme mais importante e necessário da Marvel nos cinemas
Crítica: 'Pantera Negra' é o filme mais importante e necessário da Marvel nos cinemas (Foto: Divulgação/Marvel)

Pantera Negra chegou aos cinemas nesta quinta-feira (15) provando ser o que muitos já esperavam: um divisor de águas dentro do Universo cinematográfico da Marvel. Com um discurso muito forte e necessário, ainda mais no período conturbado em que vivemos, o longa traz à tona questões envolvendo preconceito, desigualdade e, enfim, a representatividade que todos queriam. Se Mulher Maravilha foi o primeiro filme solo de uma super-heroína, Pantera Negra é o primeiro filme solo de um super-herói negro, dando início a uma era de diversidade dentro do gênero.

A história se passa imediatamente após os acontecimentos de Guerra Civil e acompanha T'Challa, o Pantera Negra (Chadwick Boseman), tendo que lidar com a morte de seu pai e voltando para casa, a isolada e tecnologicamente avançada nação africana de Wakanda. Como sucessor na linhagem, T'Challa agora ocupa o trono, mas o reaparecimento do misterioso Kilmonger (Michael B. Jordan) irá questionar e testar seu valor como rei, gerando um conflito tribal dentro de Wakanda que pode colocar o destino do mundo todo em risco.

Pantera Negra é uma verdadeira imersão na cultura africana, desde o figurino, extremamente bem detalhado, até a trilha sonora com músicas e batuques característicos do continente. O visual de Wakanda é impecável, e o filme traz bem a mistura de um país altamente tecnológico, mas que não abandona as suas raízes e a sua simplicidade. Em todo momento, o espectador é impactado por paisagens de raríssima beleza natural, ruas de terra batida e objetos feitos de barro, contrastando com laboratórios de alta tecnologia, prédios moderníssimos e dispositivos de última geração.

Wakanda, a nação mais tecnologicamente avançada do planeta
Wakanda, a nação mais tecnologicamente avançada do planeta

Além de ter o elenco composto 95% por atores negros, à exceção de Martin Freeman, que retorna como o agente Everett Ross, e Andy Serkis, que também reprisa seu papel de Ulysses Klaue, o vilão Garra Sônica, o filme traz personagens femininas incríveis e muito fortes.

Leia também: "Pantera Negra" e a importância da representatividade

Okoye (Danai Gurira) é a líder das Dora Milaje, a guarda real de Wakanda, uma guerreira formidável que se destaca na maior parte das cenas de ação. Nakia (Lupita Nyong’o) é uma mulher decidida que não se limita a ser somente o interesse amoroso do protagonista, lutando pelo seu ideal e o melhor para o seu povo. Já Shuri (Letitia Wright), a irmã caçula de T'Challa, tem uma mente tão brilhante quanto a de Tony Stark no que diz respeito a ciência e tecnologia, além de ser a válvula de escape do filme, que por mais que tenha um viés político, ainda apresenta seus alívios cômicos pontuais como contrabalanceamento.

Okoye, personagem de Danai Gurira, em cena emblemática de combate
Okoye, personagem de Danai Gurira, em cena emblemática de combate

Michael B. Jordan, por sua vez, nos presenteia com um show de atuação dando vida a Kilmonger, um personagem denso, misterioso e que traz uma carga emocional muito forte vinda do seu passado. Certamente um dos vilões mais profundos da Marvel até hoje, tanto que é até difícil classificar o personagem como vilão, já que seu antagonismo é representado apenas por um ideal e um ponto de vista diferente de T'Challa. Seu pensamento e suas atitudes ficam claras e absolutamente compreensíveis dada a realidade que o personagem viveu, e o ator passa tudo isso na tela de uma forma brilhante.

Michael B. Jordan encarna o antagonista Kilmonger em Pantera Negra
Michael B. Jordan encarna o antagonista Kilmonger em Pantera Negra

O único ponto do filme que incomoda é o excesso de CGI em algumas cenas. Obviamente, o recurso é necessário para passar ao espectador toda a magnitude de Wakanda e as piruetas das cenas de ação e luta; no entanto, em alguns pequenos casos, soa “fake”. Isso pode tirar o espectador do filme por alguns segundos, mas nada que prejudique a obra cinematográfica e a sua beleza como um todo.

Em suma, Pantera Negra é um filme com uma mensagem muito clara e direta. Uma mensagem contra o preconceito e contra a intolerância, em um momento bastante oportuno onde o ódio e a segregação estão tão presentes na situação política mundial, principalmente americana. Um bom líder é aquele que une, não o que separa, nas palavras de T'Challa: "Os sábios constroem pontes, enquanto os tolos constroem barreiras". Que respeitemos as diferenças étnicas e culturais e aprendamos algo com mais essa pérola da Marvel nos cinemas. Wakanda Forever!

NOTA: 9,5

VAVEL Logo