A depressão é uma fase complicada da vida. Ela torna o cérebro a não receber comandos do seu corpo. Vai matando aos poucos e deixando que se afogue em um rio enorme de profunda tristeza. Essa doença atinge 322 milhões de pessoas no mundo, 4,4% da população mundial, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, afeta 11,5 milhões dos cidadãos.

Quem já passou por essa terrível doença se sente incapaz de realizar algo na vida. Não conseguimos enxergar, ela é traiçoeira, tanto que em um momento está tudo bem; no outro, lhe derruba igual um soco no rosto. Em muitos casos o suicídio é a última alternativa para aliviar esse sofrimento. Cerca de 788 mil pessoas morreram por suicídio em 2015, e foi a segunda maior causa de morte no ano.

Nem a piada mais engraçada do mundo tem a mesma graça, nem toda a felicidade do mundo tem a mesma alegria. E não pense que é “coisa da cabeça” pois nenhuma pessoa quer passar por isso, para quê inventar algo desse tipo? Se tornam tão ansiosos por querer passar logo por esse sentimento, e não conseguem exercer nada que estava programado pois precisa de ajuda. O nosso país é recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade: 9,3% da população sofre com o problema. Ao todo, são 18,6 milhões de pessoas.

Nilmar pediu demissão para cuidar do seu tratamento contra a Depressão (Foto: Ivan Storti/ Santos FC)

É tão invisível mas tão forte, as pessoas que passaram por isso precisam de ajuda. Não é brincadeira quando digo que existe depressão no esporte, e principalmente no futebol. “Calma, futebol?”. “Sim, Futebol!”. Você pode pensar: “Aqueles caras ganham milhões para ficar com depressão? Depressão tenho eu que tô pagando dívidas e mal dá pra viver”. Sim, muitas pessoas têm e não atingem só pessoas com menor renda, ela está vulnerável para todos, independente de classe social.

Um dos casos mais recente é do jogador Nilmar, que estava jogando pelo Santos FC, mas pediu que seu contrato fosse reincidido. Ele havia sido diagnosticado com depressão antes de voltar a atuar. No time santista o jogador pediu afastamento mas o prazo para se tratar seria de 3 mês de recuperação, estimado para janeiro de 2018, então pediu a suspensão de seu contrato.

O jogador está lutando contra essa maldita doença, e vai se recuperar assim como Thiago Ribeiro, também jogador do Santos FC. O caso de Thiago foi por 3 anos, já havia sido diagnosticado no Santos em 2013. Por nove meses, fez tratamento com antidepressivos. Perdeu a concentração, reflexos, o sono e o apetite. Ninguém consegue praticar exercícios com um pensamento negativo.

Thiago Ribeiro também lutou contra a depressão (Foto: Ivan Storti/ Santos FC)

Em uma pesquisa divulgada no ano passado pelo FiF PRO, o sindicato internacional de jogadores, um terço dos atletas de futebol em atividade sofre ou já sofreu de depressão. Lesões graves, que causam longa inatividade, são o principal gatilho da depressão em atletas. Como os jogadores estão acostumados a praticar exercícios todos os dias, a produção de serotonina, dopamina e noradrenalina é alta. Essas substâncias são responsáveis por sensações de relaxamento, bem-estar. Na falta de atividade na recuperação de uma lesão, por exemplo, a quantidade despenca.

Ronaldo Fenômeno teve depressão enquanto estava se recuperando da lesão em seu joelho mas ninguém sabia. Imagina ficar calado sem falar nada para ninguém sobre algo que está passando, e a pessoa achar que ninguém consegue ajudar, sofrendo e corroendo sozinho, isolado, assim, a briga constante consigo mesmo de ser forte para fazer as coisas, forte de que irá conseguir conquistar seus sonhos e objetivos.

- Você sente uma tristeza, parece que nada te deixa feliz, nada te deixa animado. Tem gente que pensa que isso é frescura, que é coisa da cabeça da pessoa. Mas quem passa sabe que não é. Em duas semanas eu perdi sete quilos – conta o atacante em entrevista para o globoesporte.com

São diversos pensamentos que você tem para pensar mas não consegue raciocinar, seja traumas de infância, assuntos familiares, dívidas, brigas, lesões, contusões, entre outros. Para uma pessoa pensar em muitas coisas, é difícil em lidar com tantas informações. Mas a depressão não é apenas de informações, as vezes por infelicidade profissional, de querer ser algo que não é, ou não chegou a ser, a cobrança diária de si mesmo para melhorar a cada dia, a cada momento e cada segundo. Mesmo uma mente madura não consegue escapar da depressão, ela está vulnerável para todos, qualquer um pode ter. Todos nós podemos, mas precisamos uns dos outros para batalhar contra essa doença que tira a vida de muitas pessoas por um simples nada.