CRÍTICA: Dunkirk, 2017
(Foto: Divulgação/Warner)

Christopher Nolan está de volta com um trabalho bem diferente do que costumamos ver dele, em um filme de guerra, mais pé no chão. E digamos que apesar de algumas dificuldades, ele conseguiu se sair bem. Dunkirk conta a história da Operação Dínamo, que conseguiu resgatar mais de 330 mil homens da cidade que dá nome ao filme durante a Segunda Guerra Mundial.

A abordagem do Nolan aqui foi um tanto quanto diferente do habitual, começando pela cronologia do filme. Os eventos terrestres se passam em uma semana, os marítimos durante um dia, e os aéreos em uma hora. O diretor transita muito bem entre as três, ele trabalha como ninguém a não linearidade como já vimos em outros filmes, mas acontece que aqui não havia necessidade de deixar o filme não linear. Em diversos momentos o público pode se pegar mais interessado em desvendar a cronologia dos fatos do que no envolvimento com a história.

E por falar em roteiro, vamos falar do ponto que mais me incomodou no filme, a falta de desenvolvimento de seus personagens. Por se tratar de um filme que é mais focado nas massas do que em um personagem em específico pode-se até justificar, mas o filme acompanha soldados comuns como protagonistas e ainda assim não consegue fazer com que o público se apegue a eles. Nem precisavam ser super soldados com grandes feitos, mas se tivéssemos mais camadas sobre as personalidades de cada um, com certeza imergiríamos mais dentro da trama.

Até pela falta de camadas, não temos aqui nenhuma grande atuação também, mas fazem um trabalho dentro da média. O elenco em sua maioria é bastante jovem e pouco conhecido com nomes como Fionn Whitehead, Barry Keoghan, Bill Milner e o ex One Direction Harry Styles, que fez seu primeiro filme. E no elenco mais experiente com trabalho um pouco mais expressivo aqui temos Kenneth Branagh, Mark Rylance e Tom Hardy.

Mas por mais que eu só tenha criticado o filme até agora, eu saí bastante satisfeito do cinema, e isso se deve demais aos aspectos técnicos do filme que estão simplesmente espetaculares. Uma fotografia acinzentada para mostrar toda a tristeza daquele ambiente, efeitos visuais impressionantes, com muito uso de efeitos práticos, sem apelar demais pro CGI e deixando tudo ainda mais real, cenas de ação incrivelmente bem dirigidas com alguns enquadramentos sufocantes e claustrofóbicos e uma edição precisa para contar três histórias com um ritmo bastante satisfatório.

Mas o maior destaque do filme é o som em geral. É um filme que precisa ser visto em IMAX. A mixagem dá um show com bombardeios, tiros, aviões, contatos diretos com o mar e muito mais, de uma forma incrivelmente imersiva, vem fortíssimo pra brigar pelos Oscars de mixagem e edição de som. A trilha sonora também é incrível, que dosa entre o grandioso e o minimalista com perfeição para dar a sensação necessária ao público.

No fim, Dunkirk é um filme que perde muito no quesito emoção por não desenvolver bem seus personagens e por amarrar o roteiro de uma forma mais confusa que o necessário, mas por outro lado, é perfeito como experiência audiovisual, com todos os seus detalhes técnicos realizados com extremo cuidado. Um bom filme, pra sair satisfeito do cinema.

NOTA: 8.1

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