Crítica: A Bela e a Fera
Imagem: divulgação

Após encantar e inquietar um enorme público de todas as idades através do trailer divulgado em novembro do ano passado, o live action de “A Bela e a Fera” chega aos cinemas e nos imerge em uma onda de nostalgia e deslumbre. A expectativa pelo filme era tão grande que o trailer chegou a bater o recorde de mais visto da história em 24 horas, superando “Cinquenta tons mais escuros” e “Star Wars: o despertar da força”. 
O empenho da Disney em recriar animações tem emplacado uma sequência de sucessos. “Alice no país das maravilhas”, “Cinderella”, “Malévola” e “Mogli – o menino lobo” foram alguns dos clássicos revisitados, e a ideia continua a todo vapor. Para o futuro, já há promessa de versões live action dos clássicos “Mulan” “A pequena sereia”, “Pinóquio”, que possivelmente será interpretado por Robert Downey Jr, e “Dumbo” em uma versão recriada pelo olhar do diretor Tim Burton e roteiro de Ehren Kruger, conhecido pelos filmes “Transformers” e “O Chamado”.
“Quem é capaz de amar uma fera?”. Apesar da resposta óbvia, um dos diferenciais na nova versão é o retrato do amor não restrito aos casais héteros, atitude bastante polemica que incomodou principalmente aos que ainda não aprenderam a lição do filme sobre não julgamento. Um exemplo discreto porém perceptível dessa inserção do amor de forma ampla pode ser observada em uma das cenas finais onde os objetos estão retomando suas formas humanas e encontrando seus pares. Nesse momento, o personagem LeFou (Josh Gad), braço direito do vilão Gaston (Luke Evans) também encontra um par e eles formam um casal homoafetivo. A ideia de mostrar o amor em todas as suas formas é simples e necessária, visto que a premissa principal do filme é o não julgamento e sim o olhar mais profundo ao que cada um carrega no coração. 
Outro aspecto apaixonante da obra são os carismáticos objetos falantes carregados de sotaque francês. Atingidos pelo feitiço lançado pela misteriosa senhora que pediu abrigo ao príncipe, os ex funcionários e frequentadores do castelo foram transformados em objetos até que a Fera (Dan Stevens) conseguisse amar alguém e ser correspondido e, apesar de toda a rabugice e grosserias de seu patrão, eles ainda o tentavam animar e dar esperanças de que um dia todos voltariam a ser como antes. 
Quando se trata dos personagens principais, a química e encanto deixa um pouco a desejar. O carisma e talento de Emma Watson não encaixaram-se em Bella tanto quanto o esperado. Talvez pela enorme expectativa e hype existente por trás da atriz em qualquer papel, muitos podem ter ido com muita sede ao pote, porém, a personagem passa a impressão de que poderia ser interpretada por qualquer outra pessoa. Emma não conseguiu imortalizar Bella com sua imagem como fez com a saga Harry Potter, na qual eternizou-se no papel de Hermione Granger e em “As vantagens de ser invisível” ao interpretar Sam. 
Por outro lado, ao galã Dan Stevens, conhecido pelo papel de Mathew Crawley na série Downton Abbey não cabem tantas observações. O fato da Fera ser bastante trabalhada na maquiagem e efeitos visuais torna a atuação de Dan um tanto quanto inexpressiva. Em alguns momentos passa a impressão de que aquele personagem computadorizado poderia atuar da mesma forma. Só é possível identificar seu rosto no momento de transformação, portanto, a atuação não deixa a desejar mas também não imortalizou o personagem com seu nome. 
O trabalho de Bill Condon, diretor famoso pela saga “Crepúsculo” alinhado à produção de David Hoberman e Todd Lieberman torna o filme cativante e mágico para todas as idades. O argumento do live action foi desenvolvido inicialmente por Evan Spiliotopoulos quando Condon assinou o contrato para produzir o remake, porém, depois passou também pela análise de Stephen Chbosky, autor do livro “As vantagens de ser invisível”. A produção das canções ficou por conta de Alan Menken e a emocionante faixa “Beauty and the Beast”, originalmente interpretada por Celine Dion deu lugar à harmônica versão de Ariana Grande e John Legend, deixando a marcante voz de Celine para “How Does a Moment Last Forever”, executada durante os créditos. A produção como um todo pode ser definida como emocionante e encantadora em todos os aspectos.
Nota 4/5

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