CRÍTICA - Logan
(Foto: Divulgação/ 20th Century Fox)

A promessa vindoura de um filme do Wolverine violento e voltado ao público adulto enfim se concretiza. Assim é a proposta muito bem cumprida de Logan. Como o próprio título diz, o filme é sobre o lado "humano" do mutante, pois este pode sê-lo. O contrário seria impossível, um humano jamais teria um "lado mutante". Um "road movie" onde o instinto de sobrevivência colide com a vontade de fazer a diferença, o bem. Logan (Jackman) está morrendo, se esvaindo após mais de um século de vida. Junto dele estão Caliban e Charles Xavier (Stewart). O trio inicial de mutantes dá um show, entregam performances que sensibilizam e colocam o espectador no ponto para pensar nos problemas da vida comum. Velhice, doenças degenerativas, abandono, repressão, um futuro com pouca esperança e grande sensação de saudade e vazio. Um mundo empoeirado onde mutantes já não nascem e uma nova ordem se estabeleceu, ao que parece após os eventos de Dias de Um Furuto Esquecido. Tristemente, os X-Men se foram, e se foram de forma amarga. 

Enriquecendo mais ainda a premissa, surge Laura (Keane), a famigerada X-23. Com o aparecimento da menina clonada os problemas crescem, o filme engata num ritmo contínuo de colisões com problemas e escapadas. O humor está disfarçado pela intimidade entre Logan e Charles, e pelos cuidados e vigia "paternais" a mutante mirim. Logo, se torna natural e realça os laços dessa "família" de condenados. Até mesmo certos comentários e coisas ao longo dos cenários revela ligação com o restante da franquia, mas nada além de referências. O foco está em Logan como nunca antes esteve. Nas suas feridas que não fecham, nas suas garras que não ejetam como antes, na sua fúria que consome sua energia. 

Emociona, tenciona, eterniza. Após 17 anos, e devido ao sucesso anterior de Deadpool, enfim o público pode ver o desenrolar da fatídica e última história do mutante mais querido do cinema. Wolverine pendurou a máscara, tudo o que restou na tela é um mutante velho, ríspido, mas com um apego verdadeiro pela criança a qual desenvolve um laço que supera todo o tempo e distancia anteriores. Pai biológico? Não. Mas ao fim, o "velho carcaju" sentiu em seu âmago a sensação intensa de ter uma filha. Laura está destroçando inimigos e cativando fãs com toda a carga emocional e física que trás no persona, diga-se de passagem, os protagonistas mutantes entregam um primoroso trabalho no longa. E se um ponto negativo tivesse de ser apontado, talvez fosse a ausência total do "super" em um filme da franquia Wolverien / X-Men. Nada de uniformes, equipe, ou cena pós crédito por aqui. 

Logan é, e ao que tudo indica, será um marco para o "cinema super herói", uma vez que desligou o "super" da tomada. Dando uma atmosfera fronteiriça como em "Onde Os Fracos Não Tem Vez", um tom dolorido e de injustiças inerentes como em "Os Imperdoáveis". O sofrimento está lá, mas o carinho nunca é sobrepujado entre os integrantes da família mutante. Com isso, o crepúsculo de uma saga chega e com ele, o descanso de lendas de outrora, e o abrir de portas promissoras para o futuro dos mutantes no cinema.

NOTA 0-5: 4

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