CRÍTICA: O excesso de violência de "American Horror Story: Roanoke" brilha mais que seu roteiro
(FOTO: Divulgação/FX)

American Horror Story é uma série de altos e baixos, e essa sexta temporada tinha a difícil missão de reerguer a série. E o FX apostou em uma pegada totalmente diferente das outras temporadas, tratando a trama de uma forma documental no início e virando completamente do avesso depois de sua metade, tratando como um reality show.

Essa temporada tem muitos acertos, mas também muitos erros. A fotografia é ótima, é a temporada que mais varia nesse aspecto. No primeiro arco vemos muitos planos abertos e documentais, com mais movimentos sutis de câmera e em tom de sépia. Já no segundo arco, a série adota o o gênero found fontage. Temos planos de 'câmeras escondidas' típicas de reality shows e muita câmera na mão, as cores variam de acordo com a câmera que está filmando. O que atrapalha um pouco é que em certos momentos fica difícil de entender o que está acontecendo em cena devido a tantos movimentos bruscos de câmera.

A direção de arte também é boa, principalmente na questão do design de produção, a casa é fúnebre o bastante para deixar o espectador com receio de alguma coisa, a floresta nos passa uma sensação de ser interminável, e a claustrofobia é usada em seu favor aqui, principalmente no segundo arco. Maquiagem e figurino também cumprem bem o seu papel.

Quanto a criação de atmosfera de terror, é onde começam os problemas da temporada. Podemos dizer que funciona bem no primeiro arco, mas no segundo se torna uma ferramenta extremamente repetitiva, que acaba diminuindo consideravelmente o impacto. A série acaba se deixando levar pela violência gratuita, que no início impressiona, mas depois de tanto sangue em cena, acaba ficando saturado. Os produtores quiseram chocar o público com a extrema violência, mas em momento algum ela é justificada. No máximo, a série apresenta um conceito sem se aprofundar muito, só pra colocar algum sentido naquilo.

E por falar em desenvolvimento, os personagens aqui são completamente desperdiçados. Não possuem motivações fortes para as suas ações, simplesmente estão lá porque o roteiro quis assim. A personagem que ainda trás um feedback decente é a Lee Harris, com todo o drama que passa com a sua filha e a morte do marido, mas ainda assim, sua motivação para a trama do segundo arco é péssima. Também não mostraram quase nada sobre os vilões, como sempre costumaram fazer.

O paralelo entre o real e a ficção nos deixa a todo momento confusos, o que é bom, mostrando poder de conter informações da série. Mas muitas vezes ela passa a sensação de que nem os desenvolvedores sabem do que se trata.

Quanto as atuações, muitos atores caíram nos estereótipos. Lily Rabe fez a real Shelby e parecia perdida a todo momento em cena; Andre Holland fez o real Matt e conseguiu não ter o mínimo de expressão; Adina Porter fez a Lee, a melhor personagem da temporada, mas ela acabou tendo uma atuação razoável, ia bem nas cenas de ódio da personagem, mas faltou mais entrega nos takes mais dramáticos; Cuba Gooding Jr parecia sem vontade de fazer o papel, também sem o mínimo de expressão; Angela Bassett se esforçou, mas teve pouco tempo em cena comparado aos demais e não foi bem aproveitada; Sarah Poulson também foi esforçada, o que a atrapalhou foi forçar um sotaque que ela não tem.

Nos personagens secundários, Kathy Bates teve certo destaque como a açougueira, mesmo com sua personagem sendo forçada; Lady Gaga nem chegou a ser uma coadjuvante, fez uma participação minúscula que nem dá pra julgar; Evan Peters foi bem, mas fez o básico, sem muitos desafios pro papel; e a Taissa Farmiga também fez só uma pequena participação em um episódio.

Roanoke é uma temporada visualmente bonita e que começa passando boas impressões com uma certa originalidade, mas logo cai nos clichês com um roteiro fraco mascarado por muita violência e personagens pouco carismáticos com motivações fracas. É melhor que sua temporada anterior, mas ainda falta muito para a série se reerguer de vez.

NOTA: 6.8

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