Acertando a mão mais uma vez, a Marvel Studios se mantém invicta quanto ao placar negativo. Até agora nenhum de seus filmes foi de fato ruim, alguns medianos, é verdade. Mas ruins? Nenhum. O último acerto é o mistificado Doutor Estranho, onde acompanhamos Steve Strange – Dr. Steve Strange – na perda do mundo que conhecia após um acidente traumático até sua ascensão como mago guardião de seu mundo. O filme não só cumpri quanto a qualidade esperada como também consegue manter o tom de filme de herói Marvel, mesmo adentrando um terreno até então inexplorado: o lado arcano e sobrenatural daquele universo. As piadas bem posicionadas, a forma colorida e aventuresca de ser super herói e as menções generalizadas a fatores do universo pré estabelecido fazem com que fique natural e crível toda a magia e metafísica envolvida na nova temática.
Outro grande ponto é a forma inédita, no cinema, de fazer magia. Determinadas cenas de combate e fuga são de tirar o fôlego, abusando da troca de perspectivas e do que se sabe até 2016 das leis da física. Muito criativo, esteticamente belo, e contextualmente louvável. Dando não só uma nova cara a Marvel no cinema, mas também somando com algo novo na sétima arte de forma geral. A forma intrincada pode gerar certas sensações de artificialidade na movimentação de personagens em determinados pontos, mas nada que desestabilize a veracidade que as sequências desejam passar.
O roteiro está bom, o elenco esbanja convicção e carisma, sejam os mocinhos (Cumberbatch, Swinton, Ejiofor), seja no vilão (Mikkelsen). Vale atentar para a passagem de tempo que pode deixar os menos atentos meio perdidos enquanto Strange avança rapidamente em seu treinamento. Afinal, um bom tempo se passa, mas passa de forma rápida entre as sequências de treino. Os magos apresentados no longa, não só usam a energia de outros planos para sintetizar a “magia” como também são exímios artistas-marciais, além de grandes intelectuais.
Doutor Estranho se fixa competentemente no amplo estratagema já construído pelos demais filmes, fazendo com naturalidade e identidade própria, sem deixar de ser Marvel. Um bom ponta-pé, ainda não épico, mas extremamente promissor, divertido e inteligente.
NOTA 0 à 5: 3,5