Surreal seria a palavra perfeita para descrever o novo filme da Marvel, ‘’Doutor Estranho’’. Com direção de Scott Derrickson e grandes nomes no elenco como Benedict Cumberbatch, Tilda Swinton, Rachel McAdams e Mads Mikkelsen, o longa introduz o universo místico na franquia Marvel e abusa da psicodelia e do inception em cenas muito bem trabalhadas pela equipe de efeitos especiais, que ficam ainda melhores quando vistas em 3D.
O filme apresenta o Doutor Stephen Strange, cirurgião de renome conhecido mais por sua habilidade com as mãos do que pela sua arrogância. Após um acidente, Strange perde parte do movimento das mãos e, em uma última tentativa desesperada de salvar sua carreira, vai buscar ajuda sobrenatural com monges do Nepal. Contrariando tudo aquilo que ele acredita, Strange será obrigado a engolir seu orgulho e seu ego se quiser recuperar sua saúde perfeita.
Seguindo a fórmula de sucesso já conhecida da Marvel, o longa não é perfeito e peca em alguns momentos, mas, no geral, é mais uma bola dentro do estúdio, que nos últimos anos tem se notabilizado por acertar muito mais do que errar. Vamos a tudo de certo e errado de Doutor Estranho.
Todo o visual do longa é impecável, desde os efeitos especiais das viagens multidimensionais até a caracterização dos personagens, principalmente de Stephen Strange. Benedict Cumberbatch está imponente com sua capa vermelha esvoaçante e faz jus ao Dr. Estranho dos quadrinhos. O ator entrega o mago perfeito que todos esperavam ver e deixa os fãs entusiasmados com sua futura adesão ao time dos Vingadores.
Outro acerto do filme é a escalação de Tilda Swinton vivendo o papel da Anciã. Vale lembrar que a escolha da atriz foi duramente criticada pelos fãs, que não aceitaram a mudança de sexo do personagem original dos quadrinhos. O gênero do personagem pouco interfere na trama e Tilda, além de ser incrível no papel, não deixa a desejar em nenhum momento. Independente de ser homem ou mulher, sua presença forte é sentida e respeitada.
Por fim, o roteiro do longa consegue contar a história de forma natural. Apesar de enxuto, o filme não é monótono em nenhum momento e deixa sempre a curiosidade no espectador de saber o que virá na sequência. Com três atos muito bem divididos, seria difícil imaginar uma apresentação melhor de um personagem pouco conhecido pelo grande público do que a que foi entregue nos cinemas.
Desde o início, o filme mostra uma seriedade que até então ainda não havia sido vista no Universo cinematográfico da Marvel. No entanto, o humor ainda se faz presente em algumas cenas, muitas vezes no jeito irônico de Stephen Strange. À exemplo de Esquadrão Suicida, algumas piadas ficam fora de tom e parecem forçadas, algo que chega a incomodar em alguns pequenos momentos, mas não compromete o andamento do filme.
Mais um ponto negativo, e que tem virado rotina nos filmes da Marvel, é o vilão. Interpretado pelo ator Mads Mikkelsen, o feiticeiro Kaecilius não é exatamente um vilão ruim, mas não tem tanta profundidade quanto deveria. À serviço de uma força maior, o personagem é uma mera marionete do verdadeiro vilão do filme. Uma ameaça muito maior e que deverá emergir ainda em algum momento.
A presença de Rachel McAdams no longa é, sem sombra de dúvidas, uma adição de peso ao elenco. A brilhante atriz, no entanto, foi escalada para um papel que, até então, se mostrou raso. Pouco explorada na trama, a personagem parece estar presente somente para estabelecer um laço amoroso com o protagonista, o que, cá entre nós, é um desperdício para quem conhece o trabalho da atriz e sabe do que ela é capaz.
Doutor Estranho não é o melhor filme de origem da Marvel, mas apresenta de maneira honesta o personagem e, mais importante do que isso, apresenta um novo conceito de universo a ser explorado nas sequências do estúdio com novas realidades, inclusão do misticismo e viagens no espaço-tempo. A novidade deverá trazer um gás novo aos próximos longas e permitirá com que a Marvel brinque um pouco mais com suas novas possibilidades