Diego Hypolito e Athur Nory: da redenção ao surgimento de uma nova era da ginástica brasileira
(Foto: Matheus Guerra / MoWa Press)

A sonhada medalha olímpica virou realidade para os ginastas Diego Hypolito e Arthur Nory. O primeiro, experiente e campeão mundial, o segundo iniciando sua trajetória na ginástica brasileira. Mas engana-se quem pensa que os dois, por serem de gerações diferentes, sejam tão distintos. Nory, fã de Diego Hypolito durante toda sua adolescência pôde ter o prazer de treinar e subir ao pódio ao lado de seu ídolo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Por sua vez, a medalha de prata no peito para um já consagrado atleta pode soar como uma decepção. Engano. Para Hypolito, após viver uma profunda depressão depois dos Jogos de Londres e ver sua carreira desmoronar, voltou. Resurgiu, seria a palavra correta. Das cinzas para a prata no Rio de Janeiro.

O renascimento do campeão mundial Diego Hypolito

"Já caí de bunda em Pequim, caí de cara em Londres, agora vou cair de pé para o pódio no Rio". A frase de Diego depois de ganhar o bronze no Mundial de 2014 parecia prever o desfecho dos Jogos Olímpicos. Prata no solo na Olimpíada do Rio, o caminho ao pódio de Diego Hypolito não foi sem dramas. Nos Jogos de Pequim, em 2008, e Londres, em 2012, o brasileiro viu a sua performance ficar abaixo do esperado ao cair no chão em suas apresentações. As quedas renderam a Diego um dilema pessoal. Sofrendo de uma intensa depressão, o atleta cogitou encerrar a carreira.

"Eu me senti muito envergonhado naquele dia, porque eu queria muito e quando vi que não consegui, (aquilo) mudou muito a minha vida. Eu só queria o abraço da minha mãe naquele dia. Quando eu caí, fiquei com tanta vergonha que me sentia pior do que um criminoso. Não queria sair do quarto, não queria ser visto, porque foi uma morte para mim. Demorei muito para me reerguer como atleta e como pessoa", recordou.

"Eu esperei esse dia por 12 anos. Na minha primeira Olimpíada eu me achava campeão, não fui e não me achava merecedor. Caí de cara em Londres. Aqui que eu não era tão bom na ginástica, eu me dediquei, eu abri mão de muita coisa e consegui essa medalha. E essa não é minha última Olimpíada, ainda vou para Tóquio, na graça de Deus", declarou emocionado.

Em Pequim, Diego se classificou em primeiro para a final do solo, mas no momento decisivo acabou sofrendo uma queda feia. Ficou apenas em sexto. Em Londres, quatro anos depois, sequer chegou à decisão após cair na fase classificatória. Desta vez, no Rio, o brasileiro fez uma apresentação beirando à perfeição e ficou com 15,533, atrás apenas do britânico Max Whitlock, dono da medalha dourada com 15,633.

O surgimento de uma nova geração: Athur Nory conquista o bronze no Rio

Arthur Nory, entrou para os Jogos Olímpicos como uma promessa. Foi uma grande surpresa e conquistou o bronze para uma dobradinha histórica, ao lado do ídolo Diego Hypolito. Cotado para a medalha na barra fixa, o ginasta acabou entrando na final do solo, arriscou uma série mais difícil. Não tinha o que perder, só a ganhar: e ganhou: bronze com a nota 15,433.

"Olimpíada é para gente grande, e eu estou crescendo. Passa um filme na cabeça, tudo que passei, treinei, tanta coisa que tive de abrir mão. Aquela hora no chão, ajoelhado, estava agradecendo por tudo, por tudo mesmo, por todos os dias, por dar o meu máximo, crescer como pessoal e também profissionalmente", celebrou Nory.

Nory é apenas um de uma delegação brasileira de ginástica artística que é promessa de muitas conquistas. Tanto no masculino quanto no feminino. No primeiro, os novatos Chico Barreto e Sérgio Sassaki fizeram boa olimpíada e conseguiram boas classificações. Já as meninas brasileiras, comandadas pelas veteranas Danielle Hypolito e Jade Barbosa também não deixaram a desejar nesta olimpíada. Lorrane Oliveira, Rebeca Andrade e a caçula Flavia Saraiva - esta que chegou muito perto do pódio -, mostraram que a nova era da ginástica brasileira ainda tem muito o que conquistar. Que venha a Olímpiada de Tóquio.

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