Com lágrimas nos olhos, escrevo que acabou. Os Jogos Olímpicos Rio 2016, depois de tantos anos de espera, chegaram ao fim. Foram dúvidas e muitas incertezas. Críticas e problemas. Como poderemos ter sucesso em um evento desse tamanho em uma cidade tão bagunçada? E a zika, as obras que não foram finalizadas, a violência? É, foi difícil passar por isso.
Porém, nós passamos por tudo isso, pelo menos por dezenove. A desconfiança? Driblamos para apresentar ao mundo o melhor lado do Rio de Janeiro. Os problemas? Eles continuam aqui, é claro, mas mostramos que existe um povo que ama essa cidade e não vai desistir de vê-la cada vez mais maravilhosa.
Nós vimos uma menina sair da Cidade de Deus, passar pelo preconceito, a discriminação e a depressão em direção ao ouro. Vimos um país inteiro esquecer o futebol e torcer, com todo coração, por um menino antes desconhecido no tiro olímpico. Vimos o Brasil chorar pela superação de um ginasta que caiu um dia para se levantar e levar a prata em casa.
Também presenciamos história. O maior nadador do planeta mostrar ao planeta que não era o fim e levar todas as medalhas que pôde. O corredor mais rápido do mundo mostrar que não está velho demais para sorrir para as câmeras antes de vencer mais três vezes. O melhor do mundo no tênis cair na estreia e chorar muito, mostrando ao mundo que os Jogos Olímpicos são, sim, importantes demais. Países antes esquecidos na última posição do quadro de medalhas e hoje com uma conquista que será eternamente lembrada.
Como não pensar em cada refugiado que batalhou contra a guerra, o ódio e a morte para estar realizando o sonho de tantos outros? A nadadora que nadou por sua vida e deixou seu nome na história ao pular na piscina olímpica. Os corredores que pararam de fugir da luta para correr em direção à linha de chegada. Os lutadores que lutaram por cada uma das 60 milhões de pessoas que representam.
As cenas olímpicas, as corredoras que caíram e se levantaram juntas. O maratonista que, em dor extrema e sem aguentar mais, completou a prova e chorou como se hovesse ganhado o ouro. Os abraços de consolo e a eterna mensagem de respeito e tolerância que fazem parte do espírito desse grande evento.
O Brasil foi o país do judô, da ginástica artística, da canoagem, do boxe, do taekwondo, da maratona aquática, do atletismo, da vela, do tiro esportivo, do vôlei, do futebol. Vibramos com vitórias inesperadas e sofremos com duras derrotas e eliminações. No fim, nos unimos pelo sonho de 462 atletas e sonhamos juntos.
Quantas belas histórias não começaram por conta dos Jogos Olímpicos? A primeira vez no estádio, na arena, na piscina. As amizades construídas ou reforçadas pelo esporte. Novos sonhos, novos desafios. As lágrimas felizes de crianças ou de pessoas mais velhas. O grito da torcida em cada modalidade.
Foi a Olimpíada do adeus para grandes nomes que encerraram um ciclo inenarrável. Foi a Olimpíada da apresentação de atletas pouco conhecidos e que hoje já ganharam a admiração de milhares de brasileiros. Foi a Olimpíada da superação e, principalmente, da emoção.
Chegou ao fim, mas nosso sonho olímpico não. Que o legado não fique apenas no papel. Que em quatro anos possamos viver momentos de mais alegria. Que nosso país aprenda a ser tão apaixonado pela pátria como fomos durante os últimos dezenove dias. Que possamos encontrar nossos futuros medalhistas olímpicos por esse Brasil afora.
Pode vir, Paralimpíada. Estamos prontos para você.