Brasil encerra Jogos Parapan-Americanos no primeiro lugar geral e com recorde de medalhas
Natação brasileira somou 104 medalhas em Toronto (Foto: Divulgação / Comitê Paralímpico Brasileiro)

O Brasil foi imparável, inegavelmente vencedor em mais uma edição dos Jogos Parapan-Americanos. Nas disputas entre 7 e 15 de agosto em Toronto, no Canadá, a superação dos atletas brasileiros colocou o país novamente no primeiro lugar do ranking de medalhas, com ampla vantagem sobre Canadá e Estados Unidos, que vieram na sequência. A participação da maior delegação representante do Brasil conseguiu o objetivo de quebrar o recorde de medalhas por país em uma única edição do Parapan.

A superioridade ocorreu sobre os próprios números brasileiros, que já vinham como os melhores. Em 2011, em Guadalajara, o Brasil, terminou com 197 medalhas, sendo 81 ouros, 61 pratas e 55 bronzes. Em 2007, quando sediou as competições no Rio de Janeiro, a marca brasileira era de 228 medalhas, com 83 de ouro, 68 de prata e 77 de bronze. Já nesta edição do Parapan-Americano, nosso país contabilizou 257 medalhas, superando as edições anteriores.

Brasil em Toronto 2015:

Colocação:
Total: 257 medalhas
Ouros: 109
Pratas: 74
Bronzes: 74

Quadro de medalhas de Toronto 2015

País Ouros Pratas Bronze Total
Brasil 109 74 74 257
Canadá 50 63 55 168
Estados Unidos 40 51 44 135
México 38 36 39 113
Colômbia 24 36 30 90
Cuba 19 15 13 47
Argentina 18 25 24 67
Venezuela 8 14 25 47
Chile 4 2 6 12
Jamaica 2 2 1 5
Trinidad e Tobago 2 0 0 2

Esportes com pouca repercussão nos noticiários durante as anualidades, a natação, o atletismo e o tênis foram os destaques na pescaria de medalhas dos brasileiros em Toronto. Na quinta edição do Parapan, o Brasil, dessa forma, conquista o primeiro lugar geral pela terceira vez consecutiva - 2007, 2011 e 2015. Nas edições de 1999 e 2003, havia ficado atrás somente do México.

Destaques brasileiros

Ciclismo

Ciclista da equipe Memorial-Santos/Fupes, Lauro Chaman conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata. A primeira foi na prova de ciclismo estrada classe C4-5, quando completou os 80 km do trajeto com mais de dois minutos de vantagem sobre o segundo colocado, o colombiano Diego Duenas.

A prata veio na perseguição individual classe C4-5. Por fim, completou sua honrosa participação com o primeiro lugar no pódio na prova de contrarrelógio de estrada. "Estou com o sentimento de dever cumprido com essas três medalhas e agora quero me preparar ainda mais pensando na Paralimpíada do Rio, querendo medalhas para o Brasil novamente", afirmou Lauro, projetando 2016.

Ele também lembrou do competidor brasileiro Soelito Gohr, que fez o segundo melhor tempo no contrarrelógio, mas não levou a prata pelo regulamento, que não permite dois pódios do mesmo pais na mesma categoria.

"O Soelito competiu muito bem em todas as provas. Pena não ter levado a medalha pelo regulamento. Temos duas possibilidades de medalhas na Rio 2016", disse o técnico brasileiro Cláudio Diegues.

Lauro Chaman.
(Foto: Divulgação / CPB)

Judô

O potiguar Abner Nascimento foi o melhor judoca na categoria até 73 kg. O brasileiro derrotou o cubano Gerardo Rodríguez na final, conquistando o ouro. Na categoria acima de 100kg, Arthur Silva, também do Rio Grande do Norte, ficou com o bronze e Willians Araujo conquistou a medalha de prata na categoria até 100 kg.

"Uma participação muito boa. Acho que dá para chegar ao ouro em 2016. Estou vindo neste ciclo desde 2013, medalhando em todas as competições internacionais. Esse ano fui bronze no Jogos Mundiais na Coreia e ano passado bronze no Mundial. Essa medalha de prata é fruto de um trabalho que está sendo desenvolvido pelos meus técnicos", comentou o judoca Willians Araujo.

No feminino, Alana Maldonado ficou com a prata na categoria até 70 kg. O ouro entre as mulheres ficou por conta de Michele Ferreira. A sul-mato-grossense de 30 anos faturou o local mais alto do pódio na categoria até 52 kg. Foi a quarta medalha em Parapan dela, que também possui dois bronzes olímpicos.

Michele Ferreira
(Foto: Fernando Maia / CPB)

Natação brasileira soma incríveis 104 medalhas

A natação, mais uma vez, foi o ápice da competitividade e das conquistas brasileiras. Nas águas, o Brasil mostrou todo seu poderio para faturar um recorde de 104 medalhas na competição. Destaque para o recorde estabelecido pelo nadador Daniel Dias, que já possuia 19 medalhas de Parapan das edições anteriores.

Daniel quebrou o recorde mundial com sua participação no nado costas, durante a prova de revezamento, em Toronto. Completou o percurso do nado costas em 1min15s86', ajudando o time inteiro a completar o trajeto em 4min21s61', tempo suficiente para a medalha de ouro e o novo recorde das Américas. Além de tudo isso, Dias ainda foi o responsável por conquistar a histórica 100ª medalha do Brasil na natação deste Parapan.

Contente demais com o resultado, ele ressaltou o bom desempenho brasileiro e a despedida do mito Clodoaldo Silva: "É um momento marcante para mim. Não apenas pela centésima medalha, mas por ser a despedida de Clodoaldo Silva em Parapans. Ele inspirou muita gente e a medalha sair nessa prova é muito justo", comentou o recordista e companheiro do fenômeno Clodoaldo, que se despede da história dos Parapans com 23 medalhas.

Futebol de 7 conquista último ouro do Brasil

O Brasil voltou a ser campeão no futebol masculino e foi logo sobre a grande rival no esporte: a Argentina. Após já ter vencido os hermanos na fase inicial do torneio de futebol de 7 para atletas com paralisia cerebral, por acachapantes 7 a 0, a seleção brasileira teve parada dura na disputa do ouro. Evandro abriu o placar para o Brasil, mas a albiceleste empatou de pênalti.

No segundo tempo, porém, a camisa amarela chegou ao título com mais dois tentos, finalizando o placar em 3 a 1. É o segundo ouro do futebol de 7 brasileiro, que já havia sido campeão no Rio de Janeiro, em 2007.

O goleiro e capitão Marcão, comentou sobre o feito: "Nós sabíamos que o time argentino viria de forma bem fechada, então nosso treinador pediu para que tivéssemos muita paciência. Ainda bem que tudo saiu da forma que queríamos e conseguimos o título".

Tenista Natalia Mayara, campeã e porta-bandeira do encerramento

A tenista em cadeira de rodas, Natalia Mayara foi eleita a porta-bandeira do Brasil no encerramento dos jogos do Parapan. Ela foi medalhista de ouro no tênis individual e de dupla.

Na competição por duplas, Natalia foi vencedora ao lado de Rejane Cândida. Após, na competição de simples, bateu a norte-americana Kaitlyn Verfuerth por 2-0, na final ocorrida em 14 de agosto.

O histórico de vida da recifense é espetacular. Conseguiu sobreviver a um atropelamento de ônibus quando tinha apenas dois anos. Com as pernas amputadas, a jovem iniciou a paixão ao praticar tênis aos 12 anos. Aos 17, representou o Brasil em Guadalajara, no Parapan. Agora, quatro anos mais tarde, volta para casa com duas medalhas douradas.

Pelas conquistas, a pernambucana de 21 anos obteve o direito de representar o país com posição de destaque na cerimônia de encerramento em Toronto.

Rejane Cândida e Natalia Mayara, campeãs do tênis. (Foto: Marcio Rodrigues / CPB)

Lições de vida e de esporte à população brasileira

A participação de destaque do Brasil nos Jogos do Parapan serve de motivação e de orgulho a todo o país. Mais de 200 medalhas numa delegação formada por 272 atletas, - a maior entre os países das Américas. Superação é a palavra que melhor define o heroísmo desses que não se entregam aos obstáculos. Independente da cor da medalha que estão trazendo na bagagem, são todos vencedores.

São lições de vida escritas por eles. São conquistas a cada passo, a cada braçada, a cada arremesso, a cada vibração. É o desafio dos limites do corpo. Dos limites que só guerreiros e guerreiras têm audácia para superar. E quem dera, caro leitor, que os limites fossem apenas os dentro de cada modalidade.

O Brasil segue com problemas de patrocínios para atletas que suam a cada dia. Isso ocorre com guerreiros dos Jogos Pan-Americanos e do Parapan também. O compromisso dos investidores, da mídia e da população é entender e apoiar a cada um deles. É dar maior espaço, maior estrutura e ajudar o Brasil a manter essa posição de destaque entre os paratletas, mas também superar barreiras nos Pan-Americanos e Olimpíadas.

A luta é, sim, para ornamentar o peitoral com mais medalhas. Mas, principalmente, ornamentar a pátria com mais cidadãos.

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