Encerrada a segunda e última noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, foliões e componentes aguardam um momento importante da festa: a apuração. As notas e a campeã da folia serão conhecidas nesta terça-feira (26), na Praça da Apoteose, na Marquês de Sapucaí.

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Ao longo de duas noites, 12 agremiações passaram pelo sambódromo do Rio e fizeram o público matar a saudade do Carnaval, que não acontecia na cidade-símbolo da celebração desde 2020, quando a Unidos de Viradouro, de Niterói, conquistou seu segundo título.

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Imperatriz Leopoldinense 

Retornando à elite do Carnaval carioca, a escola abriu a noite de desfiles com um enredo que homenageia Arlindo Rodrigues, carnavalesco responsável pelo desfile que levou a Imperatriz ao seu primeiro título, em 1980.  O desfile também marcou o retorno da carnavalesca Rosa Magalhães à agremiação. 

Foto: Marco Antonio Teixeira / Riotur

Com coreografia de Thiago Soares, bailarino que integra a equipe do Royal Ballet, de Londres, a comissão de frente foi um dos destaques da escola. À frente da bateria Swing da Leopoldina, a cantora Iza reinou pelo segundo ano. 

Mangueira 

Assim como a Imperatriz Leopoldinense, a escola levou para a Marquês de Sapucaí um enredo focado em sua história. Assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira, o tema "Angenor, José e Laurindo" celebrou a vida e a obra dos três grandes baluartes da agremiação: Cartola, Jamelão e Delegado

Foto: Fabio Motta / Riotur

Esteticamente, o desfile se destacou pela predominância das cores da escola, verde e rosa, especialmente a segunda cor. Durante o desfile, o intérprete Marquinhos Art'Samba passou mal e teve que ser atendido por bombeiros em cima do carro de som. Sem camisa e usando uma máscara de oxigênio, Art'Samba cantou algumas partes do samba até a escola encerrar o desfile. 

Salgueiro

Com o tema "Resistência" a escola foi a terceira da noite a pisar na avenida. Em busca do seu décimo título, a agremiação mostrou como a população negra lutou para preservar sua cultura. Ao longo do desfile, a escola destacou locais relevantes para a cultura negra carioca, como o viaduto de Madureira, onde acontece o tradicional baile charme. 

Foto: Fabio Motta| Riotur

Com a participação da bailarina Ingrid Silva, a comissão de frente da escola trouxe personalidades negras de destaque, como Xica da Silva, Zumbi e o escritor Machado de Assis. À frente da bateria Furiosa, Viviane Araújo veio vestida como cabocla Jurema, a "rainha das matas", entidade da religião de matriz-africana Umbanda. 

São Clemente

Homenageando o ator e humorista Paulo Gustavo, a escola contou a trajetória do artista que faleceu em decorrência de complicações de covid-19. Amigos e familiares de Paulo Gustavo participaram do desfile em diversos setores da escola, incluindo a sua mãe, Déa Lucia, e o viúvo, Thales Bretas

Foto: Marco Antonio Teixeira | Riotur

Já no início do desfile, a agremiação enfrentou problemas técnicos com o seu carro abre-alas. Além disso, o carro da comissão de frente teve um problema e as luzes não foram acesas. Os incidentes influenciaram no andamento da escola.

Viradouro

A atual campeão do Carnaval carioca apostou em um enredo que traça um paralelo entre o Carnaval de 1919 - que reuniu foliões nas ruas para comemorar o fim da gripe espanhola - e o Carnaval de 2022, o primeiro após dois anos da pandemia de coronavírus

Foto: Divulgação Riotur

Luxuosa, a escola apostou em elementos que relembram antigos carnavais. A bateria do mestre Ciça levantou o público e foi um dos grandes destaques da noite. Estreando como rainha de bateria, a atriz Erika Januza se emocionou durante o desfile. A artista usou uma fantasia de rainha do bloco de carnaval Cordão da Bola Preta

Beija-Flor

Responsável por encerrar a primeira noite de desfiles, a Beija-Flor levou para a Marquês de Sapucaí o enredo intitulado "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor".  Durante o desfile, a escola exaltou a luta, as conquistas, as artes a intelectualidade de pessoas negras, incluindo personalidades da própria escola. 

Foto: Marco Antonio Teixeira

Luxuosa, a escola demonstrou ao longo de suas alas e alegorias a contribuição cultural dos povos africanos. Participaram do desfile, nomes como Conceição Evaristo e Djamila Ribeiro.  A primeira porta-bandeira da escola, Selminha Sorriso, surpreendeu ao desfilar careca. No time das "musas", as ex-bbbs Brunna Gonçalves e Natália Deodato brilharam em um dos  carros da agremiação.

Saiba como desfilou cada escola no 2º dia

Paraíso do Tuiuti

Abrindo o segundo dia de desfiles, a Paraíso do Tuiuti fez diversas citações à cultura pop, como ao filme Pantera Negra, à cantora Beyoncé e ao artista e drag queen RuPaul. Seu enredo, assinado pelo carnavalesco Paulo Barros, celebrou personalidades negras de várias esferas (Nelson Mandela e Zumbi dos Palmares foram algumas delas).

Foto: Marco Antonio Teixeira / Riotur

Um de seus carros teve problemas, o que fez a escola acelerar a passagem pela avenida no fim. Mesmo assim, estourou o tempo em dois minutos e, por isso, vai perder dois décimos nas notas. 

Portela

A Portela, escola de samba mais antiga do Rio no Grupo Especial, fundada em 1923, usou a árvore gigante Baobá, testemunha do tempo, para falar sobre resistência, longevidade, sobrevivência e raízes profundas.

Foto: DIvulgação | Riotur

Além disso, homenageou Monarco (presidente de honra que morreu em 2021 aos 88 anos) com instrumentos de bateria e roupas de integrantes estampando seu rosto. O último carro alegórico quebrou ao passar pelo viaduto da Marquês da Sapucaí.

Mocidade

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a terceira escola a desfilar e fez uma homenagem a Oxóssi, orixá caçador que vive nas matas. A rainha de bateria, Giovana Angélica, chamou a atenção ao aparecer careca na avenida.

Foto: Marco Antonio Teixeira l Riotur

 

Os integrantes da bateria resolveram raspar os cabelos, atitude que dentro das religiões de matriz africana é entendida como um ato de respeito ao orixá. Um dos elementos mais chamativos do desfile foi um tripé com uma imensa árvore. Ao redor dela, vários caçadores se movimentaram ligados a ela por meio de um cipó.

Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca fez um desfile menos tecnológico e mais artesanal, repleto de elementos lúdicos e cores vibrantes, transformando a Sapucaí em uma floresta encantada para contar a lenda indígena do guaraná.

Foto: Marco Antonio Teixeira

A rainha de bateria, a cantora Lexa, apostou em uma fantasia inspirada no visual de Luma de Oliveira em seu desfile de 2005. Wictoria Tavares estreou como intérprete da Tijuca ao lado do pai, o veterano Wantuir. A escola apresentou alas alinhadas e disciplinadas, sem grandes problemas ou atrasos.

Grande Rio

A Grande Rio contou, como de costume, com a presença de famosos na avenida, com nomes como Pocah (Musa), Monique Alfradique (Destaque), Mileide Mihaile (Musa) e Bianca Andrade (Musa). A rainha da bateria, a atriz Paolla Oliveira, apareceu como Pombagira, a representação feminina de Exu, orixá mensageiro entre o mundo espiritual e os seres humanos homenageado pela escola.

Foto: Marco Antonio Teixeira

As fantasias e elementos apresentaram um visual mais rústico, com retalhos e materiais recicláveis. Outros famosos também passaram pela Sapucaí com a Grande Rio, como o repórter e promoter David Brazil, o ex-BBB Gil do Vigor e a atriz e ex-BBB Carla Diaz

Vila Isabel

Fechando a noite, Vila Isabel fez um tributo ao cantor Martinho da Vila, presidente de honra da escola. O enredo "Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!" exaltou a vida e obra do artista, que apareceu na avenida em um carro alegórico.

A rainha de bateria, a apresentadora Sabrina Sato, chegou na concentração da Sapucaí após uma verdadeira maratona: ela desfilou na Gaviões da Fiel em São Paulo na mesma noite e precisou correr para pegar um jatinho e chegar a tempo no Rio de Janeiro.

Apuração

A escola campeã será conhecida nesta terça-feira (26); No sábado (30), as campeãs voltam a desfilar. As agremiações serão avaliadas em nove quesitos: bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, alegorias e adereços, comissão de frente, fantasias, além de mestre-sala e porta-bandeira.

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

Cada quesito será avaliado por cinco jurados e serão descartadas duas notas: a maior e a menor. Em relação às obrigatoriedades, espera-se que o Paraíso do Tuiuti seja penalizado em dois décimos. A agremiação de São Cristóvão estourou o tempo limite de apresentação em dois minutos.

A apuração costuma levar bom público para acompanhar a divulgação das notas no sambódromo e reúne foliões nas quadras das escolas, principalmente nas das favoritas, na expectativa de nova celebração. Desta vez, pelo título.

Foto: Alexandre Macieira | Riotur

As seis primeiras colocadas do Grupo Especial voltam à Marquês de Sapucaí no sábado (30), para o desfile das campeãs, e se apresentam, em ordem, do sexto ao primeiro lugar.

A última colocada será rebaixada para a Série Ouro, da qual ascenderá uma participante, que se tornará a nova inquilina da Cidade do Samba.