Na última segunda-feira (14), Muricy Ramalho foi um dos convidados do programa Bem, Amigos!, do SporTV. Tida como uma espécie de "despedida" do profissional, que trabalhou quatro anos na casa, a atração do Grupo Globo dissecou o que fará no clube a partir de 2021, quando começará a trabalhar no Tricolor sob comando de Julio Casares, presidente eleito do SPFC.

Nas palavras do próprio Muricy Ramalho, ele terá um papel de bastidores, unindo três lados do futebol tricolor.

 "O convite foi bem feito, vou ter autonomia. O mais importante que vou fazer lá é o meio-campo entre comissão técnica, jogadores e dirigentes. E outra coisa que é fundamental são as contratações. Jogadores são muito caros. Claro que vai errar, mas não errar tanto. Senão fica muito caro o futebol", destacou.

Ele mesmo fez questão de destacar que não existe chance dele voltar a ser treinador de futebol. Também destacou o que deseja deixar como legado no clube após a gestão de Julio Casares.

"Com certeza, se tem uma cláusula que vou pôr é essa. Para não ter dúvida. Futebol é muito sensível. Time tem mal resultado, empata, e vão falar que Muricy está dando brecha. Não quero mais. Só falar não dá. Quero pôr no contrato, senão fica aquela coisa: Muricy está aí, até contratar um técnico você pega. Por isso quero um projeto de preparar um técnico da casa. Que nem o Telê fez comigo. Meu papel é outro, é apoio à comissão técnica", comentou o ex-comentarista.

Em outro momento, ele também aproveitou para elogiar atuais diretores do SPFC - que, muitas vezes, foram criticados. 

"Eu dei minha opinião em relação a isso, o São Paulo demorou a achar o caminho. Isso acontece, vai aprendendo com erros até achar o caminho. O grande acerto do pessoal que está lá foi acreditar numa ideia de jogo. Acreditaram, no momento ruim do time, na desclassificação do time no Paulista, na Sul-Americana, a pressão foi grande em cima do treinador. O grande mérito do Raí, do Alexandre Pássaro, do Diego Lugano, de manter e acreditar. Eles estão no dia a dia, é esse papel que vou exercer também", vislumbrou o técnico tricolor em três períodos - conquistando cinco títulos ao todo.

Lembranças

Para tentar exemplificar outra função que terá no São Paulo, Muricy Ramalho relembrou a chegada dele na última das três passagens dele como treinador. 

"Jogador hoje é muito caro, essa coisa de buscar jogador só para compor o grupo, não dá mais. Ele tem que ser parecido com o titular, ou acima da média. Para compor o grupo, vamos na base, e amadurecer alguém. Quando voltei em 2013, o time naquela situação, tinha quase 40 jogadores lá. Não dá para ser assim, tem que tomar cuidado nas contratações", afirmou.

Outra recordação do técnico veio ao falar de Fernando Diniz. Na visão de Muricy, o clube precisa recuperar a organização institucional.

"O São Paulo sempre foi assim, seis meses antes de acabar o ano já tinha quem ia trazer e perder. A gente contratava pouco. O São Paulo hoje tem ideia de jogo, é importante e facilita no mercado. Mas o Diniz é o primeiro que quero conversar, explicar minha função... eu preciso de uma ideia do que ele pensa para frente. O mais importante agora é Copa do Brasil e Brasileirão. Mas no planejamento tem de sair na frente. Essa conversa, não sei se vai ser no CT ou não, vou ter", finalizou, destacando a preocupação e o bom relacionamento com o atual técnico tricolor.