Após incertezas sobre os ensaios técnicos das escolas de samba do Grupo Especial, a Sapucaí escutou seu primeiro grito de carnaval na noite deste domingo (10). Vila Isabel, Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos da Tijuca levaram a festa para o Sambódromo.
A confirmação, feita pelas escolas que abrem a programação e pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), ocorreu somente na quinta-feira, após longa espera e impasses sobre a festa, gratuita para o público.
A noite também foi de desabafo. Na concentração, de olho nos instrumentos da percussão da azul e amarelo, o mestre de bateria, Casagrande, criticou a demora na confirmação dos ensaios técnicos. Para ele, os desfiles antes do carnaval dão a chance do público que não pode pagar pelos ingressos de aproveitar a festa do mesmo jeito.
"Queríamos mais tempo (antes da confirmação). Não tivemos como confeccionar todas as camisas. Não entendemos por que insistem nisso, por que a prefeitura não liberava. Essa é uma festa para o povo que não tem condições de pagar caro. E é uma oportunidade para nós de mostrarmos que o samba é samba, independente do que aconteça", afirma Casagrande.
A Vila Isabel abriu o domingo com um passeio por Petrópolis, homenageando a Cidade Imperial, com o enredo “Em nome do Pai, dos Filhos e dos santos – A Vila canta a cidade de Pedro”. A escola realizou um ensaio bem seguro, com a comunidade do Morro dos Macacos cantando bastante o samba.
Segunda a ensaiar, a Mocidade vai falar sobre a passagem do tempo na Avenida, com o enredo “Eu sou o tempo. Tempo é vida”. A escola de Padre Miguel vai encerrar a segunda-feira de carnaval. Neste domingo, foi preciso esperar, e esperar, até o ajuste do carro de som. Nem a espera, que se alongou por cerca de 30 minutos, desanimou o público, instigado a se levantar pelos integrantes da verde e branco.
Encerrando o primeiro dia de desfile do Grupo Especial, a escola do Morro do Borel também fechou a noite de hoje. A Unidos da Tijuca fala do pão e sua relação com a fome e a religiosidade, com o enredo “Cada macaco no seu galho. Ó, meu Pai, me dê o pão que eu não morro de fome!”.
O mestre de bateria da Unios da Tijuca, Casagrande, disse que o dia é para celebrar uma festa para o povo. A ocasião também é para ficar de olho e fazer ajustes antes de encarar a Avenida para contar pontos.
"Essa é a chance de ter contato com o nosso povo. E os ensaios também nos ajudam a ver a bateria junta, fazer uma passagem antes de ser para valer. Ainda dá tempo de ajustar, caso precise, para acertar no dia", observa Casagrande.