Nem mesmo o título do Carnaval de 2018 foi o suficiente para manter o casamento entre Laíla e a Beija-Flor. Neste sábado (24), enquanto a escola apresentava em Nilópolis o desfile campeão para a sua comunidade, o carnavalesco, de 74 anos, encerrava a sua terceira passagem pela Deusa da Passarela. Foram 23 anos seguidos e nove títulos nessa que sem dúvidas foi a era mais marcante de Laíla pela escola da Baixada Fluminense. O destino do carnavalesco é desconhecido, mas na Quarta-Feira de Cinzas, Laíla já tinha aberto a possibilidade de migrar para Caxias para ajudar na reconstrução da Grande Rio, que foi rebaixada para disputar a Série A em 2019.

A terceira passagem de Laíla pela Beija-Flor se iniciou em 1995. Ele foi contratado para a direção de harmonia e de carnaval. Na ocasião, Milton Cunha era o carnavalesco da escola. A agremiação enfrentava um jejum de títulos. Em 1998, Laila foi o responsável por criar uma comissão de carnaval que dura até os dias de hoje na escola. Naquele ano, a Beija-Flor se sagrou campeã ao lado da Mangueira. Em duas décadas de comissão, a escola conquistou nove títulos e viveu a sua fase mais vitoriosa em todos os tempos. 

No entanto, a relação entre Laíla e a escola sofreu recentemente com alguns arranhões. Após o título conquistado neste ano, o carnavalesco abriu a possibilidade de deixar a Beija-Flor. O motivo seria a uma incompatibilidade entre ele e a nova filosofia de carnaval da agremiação. No dia da conquista do 14 ª título da escola, Laíla fez um discurso emocionado em tom de desabafo na quadra. 

"A comunidade me quer. Eu trabalho na comunidade o ano inteiro, a minha comunidade ganhou o Carnaval. As minhas determinações, aquilo que nos propomos e nós chegamos lá. Aprendi ao longo da minha vida, desde a minha infância, que sem coletividade não se leva nada. E eu fui tolhido de muita coisa e a minha comunidade me compreendeu, minha comunidade foi pra briga. Anísio, eu te amo, mas as covardias foram muito grandes", disse na ocasião, Laíla.

Laíla fez desabafo após título da Beija-Flor / Créditos: Eduardo Hollanda / Divulgação / Beija-Flor

Apesar das tentativas, a reconciliação não veio e Laíla resolveu não permanecer. Pela Beija-Flor, ele esteve presente pela primeira vez de 1976 a 1980. Depois, retornou em 1989 e ficou até 1992. Nesta época, ela era diretor de harmonia e braço-direito de Joãozinho Trinta. Os dois conquistaram juntos quatro títulos pela escola de Nilópolis, além de serem responsáveis pelo lendário "Ratos e Urubus", de 1989. De todos os títulos da azul e branca da Baixada, Laíla só não esteve presente em 1983. 

Antes de chegar à Beija-Flor, Laíla havia trabalhado ao lado de Joãozinho Trinta, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues e Maria Augusta no Salgueiro, tendo conquistado como diretor de carnaval e de harmonia quatro títulos pela escola da Tijuca. Além do Salgueiro e da Beija, Laíla teve rápidas passagens por Vila Isabel, Unidos da Tijuca e pela Grande Rio, que pode ser o seu novo destino.