Já não é mais novidade que a Série A do Rio de Janeiro abre com excelência o carnaval carioca. Nos dias 9 e 10 de fevereiro, sexta-feira e sábado, 13 agremiações desfilarão seus enredos pela Marquês de Sapucaí, enchendo as arquibancadas e dando início ao maior espetáculo artístico do país - serão seis escolas no primeiro dia e sete no segundo.

Mesmo antes de começar, o carnaval de 2018 já ficou marcado pelo atraso na verba destinada às escolas da Série A por parte da prefeitura de Marcelo Crivella. A subvenção no valor de R$ 6 milhões, repartidos entre as 13 escolas, só foi liberada há quinze dias, a menos de um mês para o carnaval. Ainda assim, o nível do grupo continua alto. Recheada de escolas tradicionais como Viradouro, Estácio de Sá e Império da Tijuca - as duas primeiras campeãs do Especial -, a Série A tem apenas três agremiações que nunca figuraram na elite: Acadêmicos do Sossego, Acadêmicos do Cubango e Alegria da Zona Sul.

O regulamento é semelhante ao do ano passado: a última colocada cairá para a Série B, e a campeã da Série B desfilará na Marquês de Sapucaí no ano que vem. Como este ano duas escolas serão rebaixadas do Grupo Especial, a Série A de 2019 terá 14 agremiações. Os ingressos de arquibancada para os dois dias estão à venda na Sapucaí, próximo ao Setor 13.

A VAVEL Brasil preparou um guia com os detalhes de cada uma das agremiações da Série A do Rio de Janeiro, na ordem de desfile de cada dia. Confira abaixo:

SEXTA-FEIRA (9):

Unidos de Bangu

Campeã da Série B na Intendente Magalhães, a escola da zona oeste será a primeira a pisar na avenida em 2018. A Bangu reencontra a Marquês de Sapucaí com a expectativa de permanecer desta vez, o que não aconteceu em 2015, quando esteve na Série A e foi rebaixada. Com o enredo “A travessia da Calunga Grande e a nobreza negra do Brasil”, sobre reis e rainhas negros que estiveram no Brasil na época da escravidão, assinado por Cid Carvalho, a Unidos de Bangu tem como trunfo o seu bom e empolgante samba, defendido pela dupla Leandro Santos e Thiago Brito.

Império da Tijuca

Segunda escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, a Verde e Branco do Morro da Formiga entra na avenida para brigar entre as primeiras, diferentemente do último carnaval, quando ficou na zona intermediária, na 7ª posição. A dupla de carnavalescos Jorge Caribé e Sandro Gomes levará ao público o enredo “Obalujé: Um banquete para o Rei”, sobre o orixá Obaluaiê. A escolha de um tema afro, aliás, é um fator positivo para a escola, que costuma desfilar bem à vontade com assuntos similares.

Daniel Silva, intérprete do Império da Tijuca, pode ser a moeda da sorte: ele conquistou o acesso com a Paraíso do Tuiuti, em 2016.

Acadêmicos do Sossego

Vem de Niterói a terceira agremiação da noite de sexta-feira de carnaval. A Sossego entra com o objetivo de fincar de vez os pés na Série A, e abocanhar uma posição ainda melhor do que a do ano passado, quando havia acabado de subir para a Série A e alcançou a 11ª posição. O samba, encomendado pela escola, foi aclamado pelos especialistas como um dos melhores do ano, e considerado ousado por não conter verbos. Sob o comando do experiente intérprete Nêgo, a expectativa do público é ver como a obra passará pela avenida. “Ritualis”, sobre as diferentes práticas de rituais religiosos pelo mundo, é um enredo assinado por Petterson Alves.

​Unidos do Porto da Pedra

A agremiação de São Gonçalo irá suceder sua vizinha de Niterói e será a quarta a desfilar na sexta-feira, com a missão de voltar a disputar com vigor as primeiras posições. Em 2017 e 2016, a Porto da Pedra ficou em quinto, e em 2015 foi apenas a décima primeira. Para brigar nas cabeças, o Tigre aposta em um enredo leve, sobre as “Rainhas do Rádio”, do carnavalesco Jaime Cesário.

Tradicional, a escola pode se garantir na força da comunidade de São Gonçalo e no retorno do intérprete Luizinho Andanças, que conhece bem a casa.

Renascer de Jacarepaguá

Penúltima escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, a agremiação do Tanque aposta, mais uma vez, no capricho do enredo e do samba. Os objetivos para 2018 são, além de permanecer na Série A, alcançar a metade de cima do grupo. Desde 2013 a Renascer não vai além da oitava posição, e no ano passado foi a décima, com um enredo sobre a escritora Carolina de Jesus e o marinheiro João Cândido.

Desta vez, a aposta é na obra do maestro Heitor Villa Lôbos, no enredo “Renascer de flechas e lobos”, de Raphael Torres e Alexandre Rangel. O belo samba, encomendado pela diretoria aos compositores Moacyr Luz e Claudio Russo, será defendido por Diego Nicolau, desta vez sozinho no carro de som.

Estácio de Sá

Vizinha a Marquês de Sapucaí, a escola do Morro de São Carlos irá encerrar o primeiro dia de desfiles da Série A com um enredo que já lhe é familiar. “No pregão desta folia sou comerciante da alegria, e com a Estácio boto banca na avenida”, assinado pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, é uma homenagem aos mercados populares e feiras livres do Rio de Janeiro. O tema é semelhante ao apresentado pela própria agremiação no Grupo Especial, em 1994, sobre o comércio popular da SAARA. Em 2018, o Leão vai à caça das primeiras posições, assim como ano passado, quando ficou em terceiro. A carta na manga é a tradicional força da comunidade estaciana, que abraçou o samba.

No carro de som, a novidade de um rosto já conhecido: Serginho do Porto, ex-Salgueiro, volta a assumir o microfone principal da escola.

SÁBADO (10):

Alegria da Zona Sul

O segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí será aberto pela comunidade do Pavão-Pavãozinho. Se no último carnaval a escola ficou em penúltimo, perto da União do Parque Curicica, rebaixada, o objetivo deste ano é fazer um desfile melhor para se manter na Série A por mais um ano. Para isso, a Alegria aposta no enredo “Bravos Malês! A saga de Luiza Mahin”, sobre a mulher negra escravizada que se tornou uma das lideranças da Revolta dos Malês na Bahia, no século XIX.

A Alegria da Zona Sul foi outra que optou pelo samba encomendado. Muito elogiado por público e crítica, a obra de Samir Trindade será defendida pelo intérprete Igor Vianna.

Acadêmicos de Santa Cruz

Segunda a desfilar no sábado de carnaval, a Santa Cruz espera um resultado melhor que o do ano passado, quando ficou em 12º, à frente apenas da Curicica, rebaixada, e da própria Alegria da Zona Sul, escola que a precede. “No voo mágico da esperança, quem acredita sempre alcança” é a aposta do consagrado carnavalesco Max Lopes, em um enredo que traz mensagens de esperança a caridade. Na escola da zona oeste, a mais distante da Sapucaí, quem embala o samba é Quinho, um velho conhecido das arquibancadas, ao lado de Roninho.

Unidos do Viradouro

A julgar pela empolgação dos componentes nos ensaios técnicos e pela crítica especializada, a escola que quiser uma vaga na elite do carnaval carioca terá que passar pela Viradouro, considerada uma das favoritas. O histórico também conta a favor: desde que caiu do Grupo Especial, em 2015, a agremiação brigou pelo topo em 2016, quando foi terceira, e em 2017, ano de um vice-campeonato. O enredo “Vira a cabeça, pira o coração, loucos gênios da criação”, sobre artistas e cientistas considerados loucos, é o trabalho de estreia de Edson Pereira, contratado pela escola após acumular bons trabalhos na Unidos de Padre Miguel. Mais uma vez, o intérprete Zé Paulo Sierra comanda o microfone da escola.

Acadêmicos da Rocinha

Há doze anos sem pisar no Grupo Especial — a última vez foi em 2006 — a escola de São Conrado recorre à tão familiar cultura nordestina para brigar pela parte de cima. “Madeira Matriz”, enredo de Marcus Ferreira sobre a xilogravura e a obra de J. Borges, é a aposta da Borboleta Encantada para fazer melhor que no ano passado, quando ficou em sexto. O intérprete Leléu é quem defende o samba da quarta escola a desfilar no sábado de folia.

Acadêmicos do Cubango

Será que, enfim, chegou a vez de entrar no Especial? Apesar de ser apenas a oitava no carnaval do ano passado, a Cubango é outra que promete vir de Niterói para disputar as primeiras posições na Sapucaí. O “Rei que bordou o mundo”, sobre o artista plástico Arthur Bispo do Rosário, é o enredo proposto pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. O tema, aliás, lembra o da vizinha Porto da Pedra, quando falou sobre a loucura em 1997, no Grupo Especial.

Inocentes de Belford Roxo

Na Baixada Fluminense a meta é fazer bonito como nos primeiros anos desta década. O melhor período da escola garantiu um campeonato do acesso em 2012 e uma vaga no Especial do ano seguinte, pela primeira vez. A Inocentes caiu, e desde então não repetiu os bons carnavais - foi a nona colocada do ano passado. Desta vez, a aposta é no enredo sobre Magé, acompanhado de um bom samba composto por André Diniz, sob encomenda. O carnavalesco é Wagner Gonçalves, que vai para o sétimo ano à frente da agremiação.

Unidos de Padre Miguel

A escola que fecha os desfiles da Série A deste ano é aquela que tinha tudo para vencer em 2017, mas foi acometida por um grave incidente. A Padre Miguel, do então carnavalesco Edson Pereira, fazia um desfile impecável até a primeira porta-bandeira Jéssica Ferreira torcer o joelho em frente a cabine de jurados, o que fez a escola se perder na evolução, e ver esvair o título. Mesmo com o problema, a Vermelha e Branca da zona oeste alcançou o quarto lugar no ano passado.

"O eldorado submerso: Delírio Tupi-Parintintin" é o enredo do carnavalesco João Vitor Araújo, que mergulha nas lendas amazônicas e na história cultural do município de Parintins, no Amazonas. Pixulé é quem puxa o samba da escola.