O Carnaval é a maior festa da cultura popular e o futebol, o esporte mais visto no Brasil. Juntando as duas paixões do brasileiro, qual samba daria? Em 2018, Vinicius Júnior, joia do Flamengo, será homenageado por um bloco de carnaval de São Gonçalo, município onde nasceu. Entretanto, a dobradinha de samba e futebol já acontece há muito tempo, nos principais desfiles do Rio de Janeiro e São Paulo. Pensando nisso, a VAVEL Brasil decidiu relembrar tais enredos.
Os enredos de carnaval podem ter viés histórico, informativo, crítico e até mesmo podem homenagear. Muitas escolas de samba já homenagearam grandes nomes e times de futebol. Será que deu samba?
CAPRICHOSOS DE PILARES, 1985
"E por falar em saudade..." Certamente, você já escutou este verso na voz de Vinícius de Moraes. Mas, em 1985, a Caprichosos de Pilares intitulou seu enredo com tal frase. Em meio ao caos políticos brasileiro durante as Diretas Já, a escola da Zona Norte do Rio de Janeiro recordou antigos carnavais e os bons tempos da Seleção Brasileira, a agremiação relembrou ainda o sumiço da Taça Rimet, conquistada em definitivo no Mundial de 1970, além do jejum de títulos vivido pelo Botafogo, lembrado nas estrofes "Bota, bota, bota fogo nisso / A virgindade já levou sumiço".
O refrão do samba-enredo contagiou a Sapucaí, que bradou junto com a Caprichosos "Tem bumbum de fora pra chuchu / Qualquer dia é todo mundo nu..." O desfile da escola de Pilares foi uma verdadeira homenagem ao futebol, abordando todos os assuntos do meio vividos na época.
BEIJA-FLOR, 1986
Gigante do Carnaval carioca, em 1986 a Beija-Flor emergia no cenário carnavalesco e apostou em um enredo que homenageava o tricampeonato mundial da seleção brasileira de futebol. No ano em questão, a Argentina é quem havia levantado a taça da Copa do Mundo e, com isso, o enredo teve ainda mais clamor público. Intitulado de "O Mundo É Uma Bola", o refrão da azul e branca de Nilópolis exaltava: "É milenar / A invenção do futebol / Fez o artista / Ter um sonho triunfal". Em um desfile brilhante, a agremiação encantou a avenida e conquistou o vice-campeonato do Grupo Especial daquele ano.
UNIÃO DA ILHA, 1988
Em 1988, num ano em que o Carnaval ficou marcado por grandes sambas-enredo, a tricolor da Ilha do Governador levou para a Marquês de Sapucaí o enredo "Aquarilha do Brasil", em homenagem ao saudoso compositor e radialista Ary Barroso. Mesmo não sendo uma temática estritamente esportiva, a União da Ilha levou em seu refrão o nome da Flamengo, time pra qual o compositor torcia, em qual dizia: "A gaitinha tocando... é gol / A galera vibrando... Mengo!" Com isso, rubro-negros e simpatizantes do futebol e carnaval exaltaram a escola de Aroldo Melodia em tal ano.
ESTÁCIO DE SÁ, 1995
Três anos depois, a Estácio de Sá decidiu colocar em evidência o clube "Mais Querido" do Brasil: o Flamengo. Com o enredo "Uma Vez Flamengo'", o Leão ao retratar a história de um dos maiores clubes do futebol do mundo contando suas glórias e títulos, buscou, por consequência, que rubro-negros fossem seu "12º componente". No entanto, a tentativa falhou e o refrão "Cobra coral / Papagaio vintém / Vesti rubro-negro / Não tem pra ninguém" não conseguiu empolgar a Sapucaí. A Estácio de Sá, naquele ano, ficou apenas com o sétimo lugar do Grupo Especial.
UNIDOS DA TIJUCA, 1998
Mais uma vez, um gigante do futebol brasileiro foi homenageado no Carnaval. Em 1998 foi a vez do Vasco ser cantado pela Unidos da Tijuca com o enredo "De Gama a Vasco, a Epopéia da Tijuca". A escola relembrou o navegador homônimo Vasco da Gama e a trajetória de títulos do clube de São Januário. O refrão "Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol) / A rede vai balançar, vai balançar / Sou Vasco da Gama, meu bem / Campeão de terra e mar" animou a Avenida. Entretanto, se nos gramados o Vasco conquistava a Libertadores da América, na Sapucaí, o Gigante da Colina não obteve a mesma sorte já que a agremiação que o homenageou terminou a apuração em 13º lugar e, consequentemente, rebaixada ao antigo Grupo de Acesso do carnaval carioca.
VILA ISABEL, 2002
Em 2002, foi a vez do Botafogo estar em evidência no Carnaval do Rio de Janeiro. Falecido em 2013, Nilton Santos pôde viver uma homenagem em vida feita pela Vila Isabel. A azul e branco levou o enredo "O Glorioso Nilton Santos... Sua Bola, Sua Vida, Nossa Vila...". O refrão do samba era "Bate palma, bate-bola, bate junto bateria / Igualzinho ao Nilton Santos, toca com categoria / É o gingado da baiana, é futebol, samba no pé / A galera já delira, minha Vila "dando olé" alegrou a avenida. No desfile, a Vila Isabel contou um pouco das suas passagens vitoriosas com as camisas do Botafogo e da Seleção, as únicas que defendeu ao longo da carreira. Estando no Grupo de Acesso do Carnaval, a escola apenas não foi classificada ao Grupo Especial por um erro harmônico e amargou o vice-campeonato daquele ano.
ROCINHA, 2003
No ano seguinte, o Tricolor Carioca esteve em evidência na Marquês de Sapucaí. A Rocinha homenageou o centenário do Fluminense que havia acontecido no ano anterior. Com o enredo "Nas Asas da Realização, Entre Glórias e Tradições, a Rocinha Faz a Festa dos 100 Anos de Campeão... Sou Tricolor de Coração!" o Tricolor das Laranjeiras foi exaltado na Avenida com componentes entoando o forte refrão: "Abre o seu coração, diga violência não / Vem com a gente se acabar nessa folia / Vem gritar com emoção, são 100 anos de paixão / Sou tricolor de coração e sou Rocinha". No entanto, a escola não obteve um bom resultado, ficando apenas com o 13º lugar no Grupo de Acesso.
TRADIÇÃO, 2003
No mesmo ano, Ronaldo Fenômeno foi o grande homenageado da Tradição no ano seguinte à conquista do pentacampeonato mundial com o enredo "O Brasil é Penta, R é 9 - O Fenômeno Iluminado". No desfile, a escola contou a história do ídolo nacional eleito três vezes campeão do mundo. O refrão "É bola na rede / A nossa tradição / É bola na rede / É penta-campeão" animou o sambódromo. Todavia, mais uma vez, a dobradinha futebol e Carnaval não deu samba e a agremiação ficou apenas com o 13º lugar do Grupo Especial.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE, 2014
Em 2014, Zico, literalmente, levantou a Marquês de Sapucaí. Em um desfile impecável da Imperatriz Leopoldinense, a escola de Ramos desfilou com o enredo "Arthur X: O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Impereatriz". Além de contar a história do Galinho de Quintino e levar diversos ídolos do futebol nacional a cair no samba, a verde e branca empolgou a avenida com o fortíssimo refrão: "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô / O show começou! / Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô / Um canto de amor! / Imperatriz me faz reviver… / Zico faz mais um pra gente ver!". A escola ficou com a 5ª colocação do Grupo Especial e retornou ao Desfile das Campeãs.
GAVIÕES DA FIEL, 2014
Em 2014, Ronaldo Fenômeno foi homenageado pela Gaviões da Fiel. Após ser tema da Tradição, o artilheiro deu enredo à escola paulista que leva o home da maior torcida do Corinthians, clube onde Ronaldo se tornou ídolo. A escola contou a sua trajetória desde a infância em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, até a sua chegada ao Corinthians, clube no qual encerrou a carreira em 2011. A Gaviões da Fiel ficou com a 10ª colocação do Grupo Especial do Carnaval de SP.