Lançado em 1971, o grande feito de Chico Buarque de Hollanda voltou os olhos da crítica e do público para o Brasil. Se você é apreciador da música, da poesia e da história, meu objetivo é te convencer, com cinco motivos, a incluir esse álbum em suas próximas playlists e quem sabe, na vida.

1. A apresentação de um novo Chico Buarque

Depois de se autoexilar na Itália por pouco mais de um ano, o cantor voltou ao Brasil com o desejo de desconstruir a imagem que o país tinha dele e da música que fazia. Com um olhar extremamente crítico sobre a realidade que estava vendo e vivendo, Chico inovou em suas composições e também na musicalidade do disco.

2. O LP foi um sucesso de vendas

Chegando a 10 mil discos vendidos por dia (número relevante para o período), a produção do LP deu dor de cabeça para a gravadora, isso porque ela se viu obrigada a terceirizar o serviço para conseguir dar conta da demanda.

Chico Buarque em Roma (Imagem: Mondadori Portfolio/Getty Images)

3. Construção foi um marco para a história e a música nacional

Em um período onde as produções internacionais ganhavam destaque, Construção foi um suspiro brasileiro em meio à americanização e ao regime militar, que acontecia no país desde 64.

Chico já não se preocupava tanto em esconder seus posicionamentos e opiniões e, por isso, desafiou o autoritarismo do governo; em Deus lhe pague, o cantor não economiza as ironias ao agradecer pela concessão de direitos básicos – “Por me deixar respirar, por me deixar existir/ Deus lhe pague”.

4. As composições entregam a vertente poética do cantor

O cuidado com as composições do álbum é digno dos louros que recebe.

Na faixa título, por exemplo, a letra é formulada de maneira a possuir um padrão entre os versos, sendo todos eles dodecassílabos (com 12 sílabas); a métrica na escrita é característica da poesia. Além disso, a música conta uma narrativa sobre um trabalhador e, com o auxílio dos arranjos de Rogério Duprat, é possível notar um caráter crescente até que se chegue ao que seria o clímax da história.

5. O álbum é atemporal

É possível ligar Construção a problemas vistos no mundo até hoje, e isso faz do disco um trabalho atemporal. Não por acaso, nos anos 2000, a revista Rolling Stone no Brasil o classificou como o terceiro colocado na lista dos 100 maiores discos da música brasileira, perdendo apenas para Acabou Chorare, dos Novos Baianos e Tropicália, uma colaboração entre diversos ícones nacionais.

De todos os trabalhos de Chico Buarque, considero Construção o mais importante deles, e depois de tantos motivos para escuta-lo fica difícil recusar a oferta. Eu mesma estou correndo agora para ouvir mais uma vez!