Especial #CarnaVAVEL: volta a emoção! Mangueira e o protesto no Carnaval. O que esperar?
Especial #CarnaVAVEL: Volta a emoção! Mangueira e o protesto no Carnaval. O que esperar?

O Carnaval já está chegando! E, em mais um especial sobre a maior festa da cultura popular, a VAVEL Brasil irá abordar o enredo da Estação Primeira de Mangueira, uma das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro. Detentora de 19 títulos, a Verde e Rosa só fica atrás da Portela, atual campeã do Carnaval e dona de 22 troféus. Neste ano, comandada pela terceira vez consecutiva pelo carnavalesco Leandro Vieira, a Mangueira vai à Sapucaí cantando e contando o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco”.

 “Vem vadiar por opção, derrubar esse portão e resgatar nosso respeito...” A escolha do tema da escola tem claramente um viés político e crítico. Após homenagear Maria Bethânia e a religiosidade brasileira, o jovem carnavalesco, neste ano, optou por um enredo que poderia ser considerado mais “ácido”. Poderia. A temática da Mangueira, no entanto, ao contrário do que muitos possam pensar, vai muito além de um protesto ao corte de verbas e apoio financeiro ao carnaval carioca realizado pela gestão atual da prefeitura do Rio de Janeiro.

Leandro Vieira buscará em seu desfile uma viagem ao tempo dos antigos carnavais sem o mesmo esplendor das fantasias e alegorias repletas de tecnologias, mas com a alegria pura do sambista. A Verde e Rosa promete contar parte da história do que, hoje, é considerado patrimônio imaterial e arrasta milhões de foliões todos os anos. Mas, antes do domingo de Carnaval, a VAVEL Brasil resume a história do samba. “Pode chegar! A rua é nossa, mas é por direito”.

O início do Carnaval

Muito antes de ser o, talvez, ritmo mais popular do Brasil, o samba sofreu durante anos dura repressão. A perseguição aos primeiros sambistas era herança da discriminação contra os negros, libertados da escravidão poucos anos antes. Perseguido e marginalizado, o samba cresceu na chamada "Pequena África", uma região localizada entre os bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e a Pedra do Sal, no centro do Rio de Janeiro, que abrigava terreiros de candomblé, onde depois dos cultos eram formadas rodas de samba. “Outrora marginalizado, já usei cetim barato para desfilar na Mangueira...”

As manifestações carnavalescas, que hoje une povos de diferentes etnias e classes sociais, na época "dividiam" o Rio. A elite se divertia nos bailes e se exibia nas grandes sociedades. A grandiosidade e o luxo das alegorias paravam as ruas do Centro com carros alegóricos que eram puxados por cavalos e traziam belas mulheres. A diversão do povo se concentrava nos cordões e, principalmente, nos ranchos. Em 1931 a primeira Escola de Samba foi criada: a Deixa Falar, e com ela foi dado início à transformação do Carnaval até chegar à atualidade. “Se faltar fantasia, alegria há de sobrar... Bate na lata pro povo sambar”.

“Volta a emoção! Pouco que importam o brilho e a renda”. Tudo indica que a Estação Primeira de Mangueira fará um desfile para qualquer amante do samba matar a saudade dos antigos carnavais que emocionaram a Sapucaí como dos anos 90 com o que tem deu melhor: a sua grande e apaixonada comunidade. “O morro, desnudo e sem vaidade...”

Desfile da Estação Primeira de Mangueira de 1994 (Foto: Reprodução) 

O enredo proposto pelo jovem carnavalesco Leandro Vieira parece ter a intenção de além do protesto contra o corte de verbas ao Carnaval, mas sim resgatar a alegria e o espírito carnavalesco. Unir povos multidões. Aliás como dizia o hino de 1994: “Atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu”.  Na corrente contra o retrocesso e a marginalização do samba, a Mangueira soltará seu grito em forma de pedido: “Chegou a hora de mudar, erguer a bandeira do SAMBA”.  

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