Estreando no Grupo Especial, a Independente Tricolor levará “Luz, câmera e terror – Uma produção Independente” para o Anhembi, com assinatura de André Cezari, Anderson Rodrigues e Roberto Monteiro. Enredo similar foi apresentado pela carioca Unidos da Tijuca, em 2011, com a escola conquistando o 2º lugar. Será que a agremiação da Vila Guilherme também conseguirá conquistar seu lugar em meio às campeãs paulistas?

Bem em termos de recursos financeiros, a Tricolor falará sobre o terror no cinema. Suas alegorias e fantasias trarão personagens assustadores de filmes de terror, mas sem perder o tom cômico. A festa de anúncio do enredo contou com membros da escola fantasiados de zumbis, vampiros e até de Leatherface, o icônico vilão mascarado que usa uma serra elétrica como arma, dando o tom do que deveremos ver no desfile. Se mantiver o nível da qualidade dos anos anteriores, poderá disputar em pé de igualdade com as agremiações mais tradicionais.

A trajetória até o Grupo Especial 

Competindo hoje com escolas de samba com quase 90 anos de idade, como a Vai-vai, a Independente Tricolor teve uma ascensão metórica. Em 2010, ainda se chamava Malungos Independente e estava no grupo 4 do carnaval paulista. Conquistou o título com um enredo sobre São Paulo e subiu para o grupo 3, onde passou apenas dois carnavais. Em 2012, mudou de nome para foi Independente Tricolor e foi vice-campeã ao falar sobre as novas sete maravilhas do mundo, ascendendo para o grupo 2. No primeiro – e único – ano desfilando no grupo 2, a Tricolor conquistou o título ao falar sobre baralho.

Em 2014, no grupo 1, foi novamente campeã com um enredo que falava sobre canções famosas que homenageiam São Paulo, chegando ao grupo de Acesso. Neste, infelizmente não deu tanta sorte. Desfilou sob forte chuva e sofreu com problemas de infraestrutura, como a falta de energia que deixou diversos pontos do sambódromo no escuro, prejudicando sua apresentação. No ano seguinte, se recuperou das adversidades e bateu na trave, ficando em 3º lugar. Em 2017, com o divertido enredo “É mentira!”, abordou desde Pinóquio até a lenda da cegonha, ficou em 2º lugar e conquistou o direito de desfilar na elite do carnaval.

Desfile de 2017 teve Mestre-Sala e Porta-bandeira fantasiados como Chapéuzinho e Lobo Mau. Foto:Paulo Pinto – LIGASP

Além da criatividade, do luxo e do divertido samba – que tem como introdução a trilha sombria característica dos filmes de terror –, podemos esperar um desfile que provavelmente será inesquecível para uma agremiação que há menos de 10 anos desfilava pela última divisão do carnaval de São Paulo.

Equívocos de escola do Rio de Janeiro podem servir de exemplo

Em 2011, a agremiação carioca Unidos da Tijuca levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “Esta noite levarei sua alma”, abordando também o terror no cinema. Elementos assustadores não faltaram no criativo desfile de Paulo Barros, como o abre-alas gigantesco representando Caronte – o barqueiro que, na mitologia, carrega a alma dos mortos – e um carro que surpreendia o público ao ter o componente devorado por um tubarão, em referência ao filme de 1975.

No entanto, o desfile pode servir também para que a Independente Tricolor não repita os mesmos erros da escola do Borel. Mesmo que a intenção fosse abordar o gênero terror, a Tijuca acabou apresentando referências a sucessos como Avatar e Harry Potter, o que custou pontos à escola no quesito enredo. Os jurados justificaram que a apresentação ficou confusa e perdeu o foco, o que custou quatro décimos à azul e amarela. A escola terminou a apuração na 2ª colocação.