Aos poucos as escolas de samba do Rio de Janeiro vão definindo seus hinos para o carnaval 2018, restando apenas Portela, Unidos da Tijuca, Mocidade Independente, Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor de Nilópolis. Na última semana, Acadêmicos do Salgueiro, Unidos de Vila Isabel e Estação Primeira de Mangueira fizeram suas finais, sendo que as duas últimas contemplaram figuras já bastante conhecidas dos sambistas que acompanham mais de perto o 'Maior Espetáculo da Terra'. Maior vencedor da história da Azul e Branco, André Diniz chegou há 17 conquistas, enquanto Lequinho da Mangueira alcançou a invejável marca de 10 sambas na Verde e Rosa.
Intérprete desde criança, Lequinho estreou como compositor vencendo a disputa da Caprichosos de Pilares no grupo especial em 2001, com o enredo 'Goiás: Um Sonho de Amor no Coração do Brasil'. Chegando ao Palácio do Samba, no ano seguinte, Lequinho venceu com o imortal "Brazil com 'Z' é pra cabra da peste, Brasil com 'S' é nação do nordeste". Desde então foram mais nove obras, entre elas a 'Energia do Samba' em 2005, 'Minha Pátria é minha língua' em 2007, '100 anos do Frevo' em 2008, "Brasis" em 2009, além de "Cacique de Ramos" em 2012, "Cuiabá" 2013, "A Festança Brasileira" em 2014, "Só com a ajuda do Santo" em 2017 e agora 2018, "Com Dinheiro ou sem Dinheiro eu Brinco".
Acostumado com as vitórias, André Diniz conquistou o primeiro samba em Vila Isabel no ano de 1994 com "Muito Prazer [...] mas pode me chamar de Vila". Depois conquistou em 1995 com "Cara e Coroa", "A Vila é para ti" em 2004, "Singrando os mares" em 2005, "Soy loco por ti" em 2006", "Metamorfoses em 2007", "Trabalhadores do Brasil" em 2008, "Theatro Municipal" em 2009, "Mitos e Histórias" em 2011, além de 2012 com "Angola", 2013 com "Festa no Arraiá", 2014 com "Retratos de um Brasil Plural" e 2016 com "O Pai Arraia". André Diniz ainda venceu as disputas de 1999, 2000 e 2002, porém sem poder assinar, em respeito ao regulamento da Vila Isabel na época.
Para 2018, com a viagem ao futuro que a Vila propõe, Diniz até chegou a pensar em não entrar na disputa e talvez este fator tenha ajudado. Pois segundo o próprio compositor, eles fizeram um samba sem a procupação de ser antológico, mas será funcional e ver a escola feliz é o que importa.
Chamando agora atenção para a numerologia das conquistas de ambos, André Diniz tem 17 conquistas na Vila, enquanto Lequinho tem 10 na Manga. Mas a coisa não é solta assim e os dois tem outras peculiaridades. Nossos personagens superam, em números, lendas do samba e do carnaval. Atrás apenas de Paulo Brazão, maior vencedor da Azul e Branco com 16 conquistas, Diniz ampliou a vantagem sobre Martinho da Vila, que tem 12 vitórias, enquanto Lequinho superou, ninguém menos que a lenda, o mito, o mestre Cartola, que venceu nove disputas na Verde e Rosa. Lequinho fez questão de minimizar comparações, dizendo que nunca pela cabeça dele passou a ideia de chegar próximo ao Cartola, que é incomparável, e ainda pediu que as analogias sejam apenas por causa dos números.
Pensam que os números impressionantes param por ai? Estão enganados! Se considerarmos o século atual (contando a partir de 2001) e passando a considerar conquistas em todas as escolas do Grupo Especial, André Diniz e Lequinho da Mangueira, com os títulos desta semana superaram Leonel, que possui 10 vitórias, e agora são detentores de 11 obras, cada um. Diniz e Lequinho (que venceu também em 2001 pela Caprichosos) são os maiores vencedores de samba-enredo do Século 21.
Parabéns André! Parabéns Lequinho! Parabéns pela escolha Vila de Noel! Parabéns pela escolha Estação Primeira! Esperamos um belo carnaval em 2018, mesmo com as adversidades, mesmo com a crise econômica e política. Você que ama o samba, ama o carnaval, um conselho: CORRA QUE O FUTURO VEM AI, e nessa festa, COM DINHEIRO OU SEM DINHEIRO EU BRINCO!