Na noite do último sábado (7), a Mangueira escolheu o samba que irá dar tom ao enredo desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. E que enredo! Deu o que falar! Intitulado "Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco" o tema da Verde e Rosa assinado por Leandro Vieira tem como objetivo, antes de tudo, lembrar antigos carnavais, em que, mesmo sem o brilho e esplendor de grandes alegorias e fantasias, retratavam o espírito do Carnaval Carioca. Além disso, o enredo foi desenvolvido após o anúncio do atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella, no qual declarou que iria realizar corte de verba ao Carnaval. Nesta semana, ademais, foi noticiado pela LIESA que, devido a estes cortes, não iria ser possível realizar os tradicionais ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. E, antecipando a escolha de samba da Verde e Rosa, o carnavalesco, por muitas vezes, reproduziu sua insatisfação com a notícia em sua rede social.
Falando de samba, a noite na Mangueira foi daquelas pra não se esquecer. Quem foi, não se arrependeu. Com direito a show de marchinhas e baile à fantasia, a Verde e Rosa lembrou grandes carnavais cariocas com shows de passistas e baianas.
O primeiro samba a se apresentar foi a parceiria de Tantinho. Logo depois, a parceiria de Rodrigo entrou em ação. Com muitos estandartes e até instrumentos de sopro, a apresentação animou a quadra. Mas, foi a última parceiria, a de Lequinho - compositor do samba de 2017 da Verde e Rosa - que fez o Palácio do Samba tremer. Logo na primeira fase, os mangueirenses, presentes naquela noite, seguraram no canto o samba campeão. Com frases de entusiasmo como "Eu sou Mangueira, meu senhor" e "Bate na lata pro povo sambar", o samba de Lequinho fez a quadra da Verde e Rosa tremer.
Aproximadamente às cinco da manhã, o presidente Chiquinho da Mangueira anunciou o samba campeão. Muito emocionado, Chiquinho declarou que "venceu o melhor". E, após o anúncio, a festa dos mangueirenses tomaram conta da Rua Visconde de Niterói até o nascer do sol.
Confira a letra e o samba de Lequinho e companhia:
Autores: Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal.
Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do Samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira
*Outrora marginalizado já usei papel barato* *Pra desfilar na Mangueira*
A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar
Ôôô somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo Vem como pode no meio da multidão
Não… Não liga não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda
Vem pode chegar…
Que a rua é nossa mas é por direito
Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso Respeito
O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a Estação Primeira
Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar
Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o Carnaval!