Todos os dias, bem cedo, Matheus Henrique acorda, toma café da manhã e abre o computador para ler notícias do time de coração. Ele acessa a VAVEL, lê o que julga interessante e segue para o trabalho. Na hora do almoço, entra mais uma vez. Quando acontece algo importante com seu clube, o celular apita com notificação e o contador de 22 anos para o que está fazendo para ler a novidade. Ao chegar em casa, após um dia cansativo de trabalho, é basicamente obrigação pegar o notebook e ler o resumo das notícias do seu time, do rival e até mesmo do clube de outro continente.
A rotina de Matheus se tornou comum para muitos brasileiros. Com o advento da internet, na década de 90, a informação passou a ser levada ao público de maneira muito mais rápida, o que se tornou interessante para os adoradores de esporte. Diversos sites esportivos passaram a ser desenvolvidos em todo o mundo nessa mesma época, possibilitando o acesso a dados estatísticos, tabelas, informes e grandes coberturas em tempo real. Com a aproximação entre jornalista e torcedor, o jornalismo on-line foi criando força no meio do esporte.
Essa aproximação pode ser observada quando o torcedor se torna um ajudante na hora de montar pauta, é o que explica o editor-chefe da VAVEL Brasil, Marcello Neves. “A torcida é muito interativa. O torcedor vai ao estádio, manda foto, relata o que aconteceu. Isso é uma forma de fazer pauta, ajudar nas matérias. Querendo ou não, a visão do torcedor dentro de um estádio ou de um clube é algo importante e diferencia na hora de pautar a redação”, afirmou.
Porém, a proximidade entre jornalista e torcedor pode também ter um lado ruim. Por terem um acesso mais fácil a quem está falando ou escrevendo, os fãs de esportes acabam confundindo e perdendo o respeito. São diversos os casos em que jornalistas são ofendidos por meio de suas redes sociais, e muitas vezes sem motivo. “O time do cara perde e ele acha que a culpa é do jornalista, em qualquer lugar é assim. E se você fizer um comentário, você vai ser xingado pelas duas torcidas, porque torcedor de internet não quer ler a notícia, ele quer ler o que ele está afim de ouvir”, completou Neves.
Para saber lidar com muitas críticas e ofensas, o repórter do portal O’Tricolor, Vinicius Savioli, acredita que é preciso ter jogo de cintura e não se abalar com o que lê. “Quem trabalha com pessoas está sujeito a isso e a internet dá voz a todos. É legal quando discordam e geram um debate saudável. Quando perdem o respeito eu prefiro deixar de lado”, disparou.
Na web, a estrutura da notícia precisa ser concisa e não muito longa, com a informação principal logo no primeiro parágrafo. A utilização de imagens, vídeos e gráficos torna a leitura mais agradável. Outro fator que se mostra bastante presente no jornalismo digital é a publicidade nas matérias, sendo, muitas vezes, a principal renda para os veículos de comunicação. A produção de informação esportiva na internet tem expandido conforme a evolução dos recursos tecnológicos que facilitam os jornalistas.
A mídia independente no Jornalismo Esportivo
Mídia independente é todo o veículo que não está sob o controle de grandes grupos de comunicação, ou seja, não está vinculada a compromissos com anunciantes, grupos políticos ou instituições governamentais. É o estilo de publicação que não se presta necessariamente a propagar a ideologia dos grupos que dominam a ordem atual da sociedade.
No jornalismo esportivo, as mídias independentes estão crescendo cada vez mais. Pelo menos um novo blog ou perfil no Twitter é criado para falar sobre algum time especifico ou apenas sobre futebol. Foi o caso de Arianna Lacerda, “A ideia de criar o No Clima da Bola surgiu junto com meu namorado. Nós fazemos jornalismo juntos, então tivemos uma ideia de criar um perfil para passar informações sobre os quatro times do Rio”, afirmou.
Fazer parte de uma mídia independente é algo desafiador, visto que depende exclusivamente de você para que o site ganhe cliques. Savioli conta que empresas publicitárias investem nos perfis, mas é importante tentar andar com os próprios pés. “É importante cuidar da métrica do site. Sugiro investir em programas de impulsionamento do Google. É prazeroso, mas é uma forma complicada de se ganhar dinheiro”, contou.
A mídia alternativa tende cada vez mais a crescer e, para não perder espaço, a mídia tradicional vem criando uma área própria, chamada de “Leitor-Repórter”. A população tende cada vez mais a ter voz ativa, senso crítico e opinião própria.